sexta-feira, 27 de julho de 2007

Para o meu irmão Ivo


Lembro-me muito bem do momento em que tirámos esta fotografia. A mãe dizia: "Segura na cabeça do mano, Martinha!". E eu ali, com o "quelidinho" nos braços, sem saber muito bem como lhe pegar. Afinal ainda tinha 3 anos e tu tinhas acabado de nascer.
De alguma maneira é como se eu própria não existisse antes disso: a primeira memória que tenho de mim é precisamente o momento em que te vi no berçário. Ia com o pai, que me pegou ao colo e, no meio de tantos bébes, eu soube logo que tu eras aquele de chucha azul. Intuição de irmã mais velha!!
A partir daí foram muitas as partilhas - boas e más!
De facto, temos algumas contas a ajustar, como por exemplo teres-me partido a televisão que o tio Venâncio nos tinha dado. Lembras-te? Tocava música e passava uma imagem de uma miúda a andar de skate, com um cão a abanar a cauda atrás! Gostava muito de voltar a ter uma dessas televisões... Também tínhamos ideias parvas, como aquela em que pensámos num plano mirabolante para conseguirmos ter um cão. Consisitia num caminho de açúcar até nossa casa que o "suposto" cão iria lamber até que, distraído, se encontrasse lá dentro. Depois, era só inventar uma desculpa para os pais! Felizmente nunca levámos o plano avante: imagina a invasão de formigas!!!
Mas tu és o meu irmão e por isso, mais até do que aos outros, sempre perdoei as mordidelas nos braços, os brinquedos desaparecidos, os amuos... Sem ti também não me tinha divertido tanto, não tinha aprendido a partilhar vidas e segredos. Depois, quando os pais se divorciaram sempre fomos o apoio um do outro e, sobretudo o núcleo da família que permaneceu intacto (com a avó e o avô, claro!).
Agora continuamos a ter uns 30cm. de diferença, mas ao contrário da fotografia, és tu o mais alto!
Para mim serás sempre o mano mais novo assim como, para ti, eu sou a mana galinha e piegas! ( O que aliás este texto comprova!)
Beijinhos!

2 comentários:

panaceia disse...

Talvez não devesse de comentar... sou suspeita. Mas estes dois deram-me os dias mais felizes da minha vida e são os que mais amo. Os sentimentos de culpa são terríveis. Desculpa Martinha, sabes do que falo. Mas insisto: vocês os dois são o melhor do mundo. Mamushka

Unknown disse...

também sou suspeita....afinal quase que os amo aos dois como meus filhos também. adorei o texto e lembrou-me algumas das traquinices que também assisti. Infelizmente a menos do que gostaria agora.Sei por o que passaram e sei que sabem que estarei agora do lado deles sempre que precisarem. antes era ainda uma miuda excluida do seio por questões particulares mas que hoje se sente bem próxima deles.