"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
domingo, 29 de novembro de 2009
Cá em casa também é Natal
Desde que saí da casa dos meus pais nunca mais tinha tido árvore, mas este ano, achei que o Manuel ia gostar das luzes... Achei mal, porque ele teima em olhar fixamente para o quadro do Pires Vieira que temos em cima do sofá e para as estantes dos livros. Mas enfim, em mim as luzes surtem o efeito de natal. A árvore, não podendo ser de plástico nem um pinheiro mutilado, é um conjunto de ramos secos pintados a vermelho (foi muito barata no aki, passo a publicidade) e eu gosto (sobretudo porque também não ocupa muito espaço).
Muitas vezes, ocupados com a preocupação das prendas e os preparativos para a grande festa, nem reparamos nos simbolismo destas pequenas tradições. A árvore de natal tem sobretudo uma raíz pagã, vinda sobretudo do norte da Europa. Em Portugal, foi introduzida no século XIX pelo rei D. Fernando (marido de D. Maria II), que todos os anos decorava a sala do Palácio da Ajuda com um enorme pinheiro enfeitado. Até aí só se utilizavam os presépios.
Não resisti e fui pegar o Tratado de História das Religiões, de Mircea Eliade, que diz:
"(...) é em virtude do seu poder, é em virtude do que ela manifesta (e que a supera) que a árvore se torna um objecto religioso. Mas este poder é, por seu turno, validado por uma ontologia: se a árvore está carregada de forças sagradas, é porque é vertical, é porque cresce, é porque perde as folhas e as recupera, porque, por conseguinte, se regenera ("morre" e "rescuscita") inúmeras vezes, porque tem latex, etc. Todas estas validações têm a sua origem na simples contemplação mística da árvore, como "forma" e modalidade biológicas."
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