"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
quinta-feira, 11 de março de 2010
O rapaz que gostava de cemitérios e que agora expõe no MoMA
Confesso que sempre me irritaram as constantes comparações entre os museus e os mausoléus, ou cemitérios. Adorno foi o primeiro a fazê-lo em Valery Proust Museum:
“The German word museal has unpleasant overtones. It describes objects to which the observer no longer has a vital relationship and which are in the process of dying. … Museum and mausoleum are connected by more than phonetic association. Museums are like the family sepulchres of works of art.”
Este tipo de ideias parte do princípio de que as obras de arte só estariam vivas no seu contexto original (por exemplo, uma igreja) e que, ao retirá-las daí, o museu apenas expunha objectos "mortos". Claro que com a arte contemporânea, em que muitas (ou a maior parte) das vezes as obras são produzidas para o museu, esta ideia deve ser posta de lado. E, mesmo no que a outras épocas diz respeito, o museu não "mata" os objectos, antes dá-lhes uma outra vida, criando a sua autonomia dentro da esfera artística. Acredito que o museu devolve aos objectos a sua verdadeira função: quando Fra Angelico pintou a Anunciação, estava mais interessado no tema ou na pintura?
Por isso, para mim, até há bem pouco tempo museus e cemitérios não tinham nada a ver, até que...
"Growing up in Burbank, there wasn´t much of a museum culture. I never visited one until I was teenager (unless you count the Hollywood Wax Museum). I occupied my time going to see monster movies, watching television, drawing, and playing in the local cemetery. Later, when I did start frequenting museums, I was stuck by how similar the vibe was to the cemetery. Not in a morbid way, but the both have a quiet, introspective, yet electrifying atmosphere. Excitement, mystery, discovery, life, and death all in one place."
( E isto escreve Tim Burton no "Artist's Statement" - Declaração do Artista? - do seu catálogo da exposição no MoMA. Espantoso, não é? Eu vou expôr num museu, mas acho que os museus são similares a cemitérios - e gosto disso: só mesmo ele!)
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