"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
domingo, 30 de setembro de 2007
24 Horas
24 horas depois cheguei a Macau. Depois de passar por Frankfurt, muitas horas de voo e uma de barco... A primeira impressao 'e que e uma confusao e os nossos olhos estao tao pouco habituados que e dificil escolher algo para escrever e mesmo para fotografar. Neste caso as imagens valem pouco.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Sombras à Volta de um Centro
É um livro publicado pela Assírio e Alvim, com os fantásticos desenhos de Lourdes Castro que estiveram, há uns anos, expostos em Serralves. O livro chama-se Sombras à Volta de um Centro e a imagem de cima: Sombras à volta de um centro (Geranium Robert), mede 38,5cm x 57 cm, foi desenhada a tinta-da-china e lápis de cor na Madeira, no ano de 1984 (rigor de historiadora de arte!). Segundo o livro pertencia à colecção Manuel Zimbro, que era o marido da Lourdes. São desenhos lindíssimos, de uma simplicidade quase zen de quem sabe os nomes das plantas em latim e vive na Madeira. Eu também gostava de ser assim, um dia. Enquanto isso, vejo as obras da Lourdes e bebo chá.
Mesmo na página ao lado, um texto de Manuel Zimbro:
“Simplificados por necessidades reais conjuntamente com todas as suas implicações e
possíveis adversidades,
esses exercícios que diariamente têm-de-ser-feitos: comer, dormir, vestir, trabalhar,
habitar…,
só poderão surgir plenos, reais,
sempre na primeira vez e em primeira mão,
de uma existência genuína;
da profundidade de uma observação atenta;
da incondicional confiança na fresca realidade da eterna primeira vez, onde cada agora é
sempre agora, e
não de uma qualquer noção de tempo ou modelo de existência que tradicionalmente
sejamos obrigados a aceitar como fatalidade.”
Mesmo na página ao lado, um texto de Manuel Zimbro:
“Simplificados por necessidades reais conjuntamente com todas as suas implicações e
possíveis adversidades,
esses exercícios que diariamente têm-de-ser-feitos: comer, dormir, vestir, trabalhar,
habitar…,
só poderão surgir plenos, reais,
sempre na primeira vez e em primeira mão,
de uma existência genuína;
da profundidade de uma observação atenta;
da incondicional confiança na fresca realidade da eterna primeira vez, onde cada agora é
sempre agora, e
não de uma qualquer noção de tempo ou modelo de existência que tradicionalmente
sejamos obrigados a aceitar como fatalidade.”
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
A diagonal do louco
O que é expor? Dar a ver de forma aleatória ou criar jogos, luzes, entendimentos entre obras de arte e lugares, obras de arte e espectadores? Nem todos os espaços o possibilitam, nem todas as obras o permitem, nem todos os comissários o conseguem (ou o ousam). Mas há momentos felizes, em que as obras ganham uma nova vida, os espectadores um novo olhar e os espaços mais magia: Rui Sanches em “50 anos de arte portuguesa” (na Gulbenkian e com Raquel Henriques da Silva como comissária).
O título (do post) é roubado a Hubert Damisch que diz:
“ La diagonale du fou, ou l’hypothèse du musée vu, parcouru, saissi, mais aussi bien déjoué, par la bande. » (L’amour m’expose)
O título (do post) é roubado a Hubert Damisch que diz:
“ La diagonale du fou, ou l’hypothèse du musée vu, parcouru, saissi, mais aussi bien déjoué, par la bande. » (L’amour m’expose)
Martha, Gran Suceso Mundial
Há uns anos, encontrei na Feira da Ladra, o que se pode chamar de um “libreto” de uma rumba com o meu nome. A capa é a da imagem e diz: Ediciones Musicales Júlio Korn, Buenos Aires. Por dentro tem a partitura e a letra: um mimo! Ora (à falta da música, que eu própria nunca ouvi) leiam:
Picoteando las almas
de preciosas mujeres
disfruté mil quereres
que no dejaron huella.
De lo mucho que he andado,
De lo mucho que he amado
Una flor me quedó.
Entre sus secos pétalos,
duerme mi amor.
Marta, rosa de la pradera
Eras pimpollo gentil
Esa tarde de primavera
Cuando por vez primera
tu perfume aspiré.
Marta, hoy empaña el rocio
a tus labios que fueron mios.
Mi capullo de ayer
Mi flor mustia de hoy.
Al beber mis copitas,
es mi vicio inocente
danzas tú en mi mente
al beber mis copitas
En mis oídos zumba
la nostálgica rumba
esa rumba que fué
el floreo de la rosa
que yo adoré.
Picoteando las almas
de preciosas mujeres
disfruté mil quereres
que no dejaron huella.
De lo mucho que he andado,
De lo mucho que he amado
Una flor me quedó.
Entre sus secos pétalos,
duerme mi amor.
Marta, rosa de la pradera
Eras pimpollo gentil
Esa tarde de primavera
Cuando por vez primera
tu perfume aspiré.
Marta, hoy empaña el rocio
a tus labios que fueron mios.
Mi capullo de ayer
Mi flor mustia de hoy.
Al beber mis copitas,
es mi vicio inocente
danzas tú en mi mente
al beber mis copitas
En mis oídos zumba
la nostálgica rumba
esa rumba que fué
el floreo de la rosa
que yo adoré.
domingo, 16 de setembro de 2007
Sonhemos com a evanescência
"Relatam os Taoístas que, no grande começo do Não-Começo, o Espírito e a Matéria se encontraram em combate mortal. Por fim o Imperador Amarelo, o Sol do Céu, triunfou sobre Shuhyung, o demónio da escuridão e da terra. O Titã, na sua agonia de morte, bateu com a cabeça contra a abóbada solar e despedaçou em fragmentos a cúpula azul de jade. As estrelas perderam os seus ninhos, a lua errou sem destino por entre os abismos agrestes da noite. Desesperado, o Imperador Amarelo procurou por onde pôde pelo consertador dos céus. Não teve de procurar em vão. Do mar oriental ergueu-se uma rainha, a divina Niuka, de cornos coroada e com cauda de dragão, resplandecente na sua armadura de fogo. Foi ela quem soldou o arco-íris de cinco cores no seu caldeirão mágico e reconstruíu o céu chinês. Mas também se conta que Niuka se esqueceu de preencher duas pequenas fendas no firmamento azul. Assim principiou o dualismo do amor - duas almas rolando pelo espaço e nunca em sossego até se unirem para completar o universo. Cada um tem de construir de novo o seu céu de esperança e paz.
(..) Entretanto tomemos um gole de chá. O ardor da tarde ilumina os bambus, as fontes murmuram com gosto, o sussurro dos pinheiros escuta-se na nossa chaleira. Sonhemos com a evanescência, e demoremo-nos na bela tolice das coisas."
Kakuzo Okakura, O Livro do Chá
sábado, 15 de setembro de 2007
O corpo, à prova de água
Fui mesmo ver Waterproof, de Daniel Larrieu (coreógrafo) à Piscina do Estádio Nacional. Já tinha ouvido falar de Waterproof nas aulas do António Pinto Ribeiro (onde aprendi o muito pouco que sei de dança contemporânea), porque se trata de umas das coreografias "chave" da história da dança nos anos 80. A ocupação de outros espaços como palcos onde os corpos se movimentam, neste caso a água de uma piscina.
Provavelmente tinha expectativas demasiado altas, a que o espectáculo não correspondeu na sua totalidade. Há momentos lindíssimos, mesmo poéticos. Imagens de corpos na água, tons de azul e verde. O mundo corre mais devagar. O barulho do corpo, da água, do corpo na água. Eu também gostava de experimentar...
Mas nada, ainda, superou o Bill T. Jones!!!
O sítio para onde vou
Nunca saí da Europa, pelo que não tenho tido muito contacto (a não ser pela literatura, cinema e afins) com outras gentes e paisagens.
Mas, dia 28 apanho um avião com destino a Hong Kong e depois um barco para Macau, onde estarei duas semanas com o meu irmão Ivo. Estou muito entusiasmada com esta viagem: o mosteiro dos Dez Mil Budas, o museu de Hong Kong, os mercados de flores e árvores canoras... Já estão com inveja?
Então vejam aqui...
Mas, dia 28 apanho um avião com destino a Hong Kong e depois um barco para Macau, onde estarei duas semanas com o meu irmão Ivo. Estou muito entusiasmada com esta viagem: o mosteiro dos Dez Mil Budas, o museu de Hong Kong, os mercados de flores e árvores canoras... Já estão com inveja?
Então vejam aqui...
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Dentro da arte
Visito muitas exposições. Passado um ano já não me lembro de nada. Há algumas que ficam, como as da Fundação Tapiés em BCN (a recriação da Factory!) e “Revolution my Body” na Gulbenkian. Não sei porque me esqueço dumas e lembro doutras. Acho sempre que me devia lembrar de todas, porque estudo museologia, porque gosto verdadeiramente de arte, porque sim.
Nunca terei coragem suficiente para ser artista e, provavelmente, nunca serei boa fotógrafa. Mas se a arte me persegue, se está dentro de mim, porque não hei-de eu estar dentro dela?
Mais um auto-retrato em Douglas Gordon, na Ellipse.
Nunca terei coragem suficiente para ser artista e, provavelmente, nunca serei boa fotógrafa. Mas se a arte me persegue, se está dentro de mim, porque não hei-de eu estar dentro dela?
Mais um auto-retrato em Douglas Gordon, na Ellipse.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Portait of a Performer
(auto-retrato em Hedi Slimane, na Ellipse Foundation)
Arte é arte. A cultura pop é a cultura pop. Hedi Slimane nunca me fotografará, mas eu fotografei-me num obra dele:
Arte é arte. A cultura pop é a cultura pop. Hedi Slimane nunca me fotografará, mas eu fotografei-me num obra dele:
“Portrait of a Performer” (ou talvez não).
sábado, 1 de setembro de 2007
Museu Agrícola (ainda a propósito da curiosidade)
Fascinam-me os objectos para os quais não se percebe, à primeira vista (de quem é leigo no assunto), a utilidade. Normalmente tratam-se até de coisas bastante práticas que tiveram uso num quotidiano mais ou menos afastado (imagino, por exemplo, um neto meu a olhar para um disco de vinil ou uma cassete!).
Procuro nestes objectos aquilo que, depois da utilidade, se torna estética. O que neles há de "objecto de museu", mas de um museu de arte em que a utilidade é posta de lado e o objecto (não sendo contudo artístico) adquire um carácter, se quisermos, poético.
Foi o que me aconteceu no encontro com estas alfaias agrícolas, em Casebres, num passeio com o meu tio Francisco. Segundo ele vieram da ex-União Soviética para a cooperativa local, nos anos 80, com o objectivo de ajudarem na reforma agrária. Hoje em dia, já não são utilizadas e estão ali, ao sol, a ganharem aquela cor fastástica do ferro (?) envelhecido. Não sou muito boa fotógrafa, mas se fosse acho que dariam boas imagens.
Também não sei a denominação de todas, mas a última é uma semeadora: punham-se as sementes nos cilindros grandes e depois estas caiam por uns cones mais pequenos. Todas estas máquinas (tirando a mó) iam atreladas a tratores que também lá estão. Quem souber o que são as outras máquinas e como funcionam, pode dar umas dicas...
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