
"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
sábado, 18 de abril de 2009
terça-feira, 17 de março de 2009
domingo, 8 de março de 2009
The dark stand still e Aparelho metafísico de meditação
Passei o dia a seguir visitantes no Museu do Chiado. Já passei alguns dias nisto e este foi o último. Os visitantes gostam das obras, não sei se gostam da exposição. Alguns percebem que é uma exposição. Outros, só obras. O vigilante, que já me conhece pelo nome, perguntou-me quais as minhas obras preferidas. Referi "Lisboa-Oropeza" de Joaquim Rodrigo, "Memory Piece" de Julião Sarmento e as obras do Jorge de Oliveira, artista agora "redescoberto" pelo museu. Também gosto do Lanhas (um dia falo sobre ele) e do Alberto Carneiro e do Miguel Palma (gosto muito de "Mil contos dentro de um cofre"!!!). Gosto de todos. O vigilante disse que aquilo era falta de imaginação. A princípio não percebi se estava a falar da exposição ou das obras. Era das obras: que antigamente a arte era bonita, que as pessoas tinham prazer em ver e agora não, ninguém gosta daquilo e muito menos daquela instalação lá de baixo com aquelas linhas no chão (falava de "Uma linha para os teus sentimentos estéticos" de António Carneiro) e aquilo do cofre também ninguém entende. Disse: "O cofre até pode ser bonito. Mas ninguém percebe, mesmo que a gente explique que tem mil contos lá dentro!"
Fiquei com pena dele. Trabalha ali, passa não sei quantas horas ao pé das obras e não gosta delas. Tem esse direito, claro. Devia preferir o Museu de Arte Antiga. Eu, cá pagava para trabalhar no Chiado. Como não posso, pago para fazer uma tese sobre ele (embora a passo de caracol).
Das observações feitas, acho que a maioria das pessoas gosta e tira verdadeiro prazer, como este pai e esta filha que secretamente "segui" há uns dias.
Observação nº4
Dia: 25-1-2009 (Domingo)
Visitantes: 2, um homem e uma criança
Faixa etária: Homem 41-50 anos, criança: -10 anos
Tempo a ver a exposição: 18 minutos Tempo de permanência no Museu: 42 minutos
Leitura de textos. Inexistente
Percurso: muito errático devido à presença da criança, a que o pai dá bastante liberdade, chamando-a apenas para a observação de algumas obras.
Obras nas quais demoraram mais tempo: Júlia Ventura, João Tabarra, Paiva e Gusmão, Helena Almeida
Obras fotografadas: (não se aplica)
Obras que comentaram em conjunto: João Tabarra, Paiva e Gusmão, Helena Almeida
Obras em que voltaram a parar: Paiva e Gusmão
Observações: Viram a obra de Isaac Julien mas passaram também algum tempo a observar o atelier de família.
12h40 – Entram no espaço expositivo. Não lêem texto de parede e passam rapidamente obra de Alberto Carneiro. Criança segue sempre um pouco à frente.
12h54 – Entram no núcleo “Reversibilidade”. Criança dá uma volta rápida à sala, enquanto o pai observa atenciosamnte a obra de Júlia Ventura.
12h56 – Pai dirige-se ao canto totalmente oposto da sala onde filha observa a obra de Escada.
12h58 – Dirigem-se ambos à obra de Júlia Ventura. Criança observa atentamente as figuras do papel de parede enquanto o pai lê a tabela da obra. Seguem para “Aparelho metafísico de meditação”, de António Pedro.
13h Observam obra de Alexandre Estrela e seguem pela mesma parede, dirigindo-se de novo à entrada do núcleo (num movimento contrário à maioria dos visitantes).
13h01 – Contornam obra de Carneiro, “Raiz, caule, folhas, frutos.”
13h02 – Entram no núcleo “Rebaixamento”. Pai observa obra de Paula Rego enquanto a filha se dirige à obra de Tabarra, chama o pai e comenta a figura do homem a beber água do charco.
13h05 – Comentam obra de Paiva e Gusmão
13h07 – Pai explica à filha como funciona máquina de projecção de 16mm.
13h08 – Pai observa obra de Helena Almeida. Vai chamar a filha, que se encontra na parede contrária junto à obra de Julião Sarmento. Juntos deslocam-se de novo para a obra de Helena Almeida que o adulto explica à criança.
13h09 – Pai segue pelo percurso observando as obras de Cristino da Silva, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Joaquim Rodrigo e restantes obras da mesma parede, num movimento contínuo e contrário ao da maioria dos visitantes.
13h11 – Criança observa de novo obra de Paiva e Gusmão.
13h12 – Saem da exposição.
segunda-feira, 2 de março de 2009
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Milk: my favorite for tonight
- Por Sean Penn
- Por Gus Van Sant
- Porque em cima da mesa continuam a estar os direitos dos homossexuais.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Será arte?
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Otal poema "traduzir-se" de Ferreira Gullar
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Otal poema "traduzir-se" de Ferreira Gullar
Traduzir-se
Belíssimo poema de Ferreira Gullar (poeta que eu não conhecia), muito bem na voz da Adriana Calcanhoto.
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