domingo, 19 de outubro de 2008

Do Outro Lado


É bom ter um cinema perto de casa. Aliás, é bom ter um cinema Medeia perto de casa. No meu caso é o Fonte Nova, que ainda por cima é calminho e nunca tem muita confusão (apesar de alguns casais na casa dos 40 que vão fazendo uns oportunos comentários ao longo do filme, do estilo: "Oh, coitado!" ou "Agora é que eles se encontram."...).
É bom poder sair em 5 minutos para ver um filme que vale realmente a pena. Neste caso foi "Do Outro Lado", um filme de Fatih Akin, numa produção alemã e turca que bem espelha o que o filme trata. (O próprio Akin é alemão/turco, ou turco/alemão, conforme o ponto de vista.)
Mas, como há quem escreva sobre cinema muito melhor do que eu o faria, aqui fica:
"(...) a essência de "Do Outro Lado" está muito menos nas nacionalidades do que nas universalidades: mais do que questionar posições ou atitudes, Akin conta uma história, ou antes, três histórias que se reflectem e se iluminam mutuamente sem nunca se cruzarem realmente para além da mera coincidência. O filme começa-se a ganhar aí, nessa aparente submissão à mecânica do filme-mosaico para logo seguir a desarmar com uma elegância extraórdinária que, ao mesmo tempo, evita olhar para os lugares comuns da mesma maneira: estes três pares de pais e filhos , mães e filhas, não se cruzam apenas porque seria conveniente à estrutura narrativa, e podem gravitar naturalmente em direcção uns aos outros, mas nunca passam de cometas em órbita fugaz que usam essa gravidade para reembalarem no seu trajecto.
"Depois, "Do Outro Lado" torna-se uma peculiar abordagem do velho "conflito de gerações" que estão mais próximas umas das outras do que pensam, gente que compreende à custa da sua própria experiência o que "ser filho/a de" ou "ser pai/mãe de" quer dizer, gente que se chega perigosamente perto do fim de tudo e aí encontra a energia para recomeçar." Jorge Mourinha, Y, 10,Out.,2008

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