quiçás, quiçás, quiçás
deixe a sua marca nos cozinhados, não nas mãos
porque nós merecemos um computador ruca!!
uau! muitos corações derretidos que se desfazem na boca
e também estamos aqui para ajudar no seu mundo
aquece mais depressa e ainda poupa energia
pois, isso também eu queria: ser o pai natal!
Ivo: vida de rainha
me: nunca me me passou pela cabeça ser uma rainha
Ivo: se as nossas vacas falassem
me: mas um bom leitinho...
a origem determina tudo porque rir é o melhor remédio
está nas suas mãos fazer bem mais por si, tu sabes! Apenas 109 euros!
(este não, também há que fazer alguma selecção)
proteger. instintos de todas as mães, para começar bem a vida
"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
sábado, 29 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
A obra de arte como nuvem
(e o historiador de arte como... o quê?)
“The historician is, in every sense of the word, only the fictor, which is to say the modeler, the artisan, the author, the inventor of whatever past he offers us. And when it is in the element of art that he thus develops his search for lost time, the historian no longer even finds himself facing a circumscribed object, but rather something like a liquid or gas expansion – a cloud that changes shape constantly as it passes overhead. What can we know about a cloud, save by guessing, and without ever grasping it completely?”
in Confronting Images: Questioning the Ends of a Certain History of Art, by Georges Didi-Huberman
“The historician is, in every sense of the word, only the fictor, which is to say the modeler, the artisan, the author, the inventor of whatever past he offers us. And when it is in the element of art that he thus develops his search for lost time, the historian no longer even finds himself facing a circumscribed object, but rather something like a liquid or gas expansion – a cloud that changes shape constantly as it passes overhead. What can we know about a cloud, save by guessing, and without ever grasping it completely?”
in Confronting Images: Questioning the Ends of a Certain History of Art, by Georges Didi-Huberman
Para ver no Museu do Chiado
Western Union: Small Boats de Isaac Julien.
... e parabéns ao museu: finalmente um site, com um design apetecível e informações actualizadas (que muita falta fazem para a tese da rapariga!)
domingo, 16 de novembro de 2008
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Lugares vazios
Oito cadeiras.
Melhor: seis cadeiras e dois sófas.
Oito assentos.
Assento: 1. lugar em que alguém se senta; 2. Apoio, base.
Oito assentos vazios onde alguém se senta. Onde alguém se sentava. Onde alguém se sentará.
A minha avó diz:
- Já são mais as cadeiras que os velhos. Os velhos foram morrendo e as cadeiras ficando.
Os objectos sobrevivem à nossa ausência. Esse é o seu segredo e a nossa angústia. Nós (e os velhos) morremos.
Morrer: 1. Passar do estado vivo para o estado morto, falecer; 2. Cansar-se demasiadamente até à exaustão; 3. Parar de funcionar.
Os assentos lá estão, à entrada da aldeia onde os velhos, provavelmente cansados demasiadamente até à exaustão (de quê?) se (as)sentavam.
A minha avó, a outra, dizia-me:
- Assenta-te aí!
Assentar: 1. pôr sentado; 2. registar; 3. escrever.
É isso que faço, avó: ponho-me aqui sentada, registo, escrevo.
- Pranta-te queda. (quando era mais pequena, prantava-me queda)
Os velhos, com pronuncia alentejana, não falam. Não estão lá, por isso não podem falar. Um escritor dar-lhes-ia voz. Eu não.
Oito assentos vazios para oito personagens inexistentes, que deus (Deus?) dá nozes a quem não tem dentes. E eu não tenho dentes dedos que escrevam.
E os assentos o que diriam? Uma discussão sobre mobiliário urbano? Sobre mobiliário rural? Sobre mobiliário de interior urbano-rural? Boa ideia! Que ricos assentos que deveriam existir por aí, não fossemos nós cansarmo-nos demasiadamente até à exaustão.
Quando voltei, a minha avó ao telefone:
- Olha lá, sempre foste tirar a fotografia?
- Sim, porquê?
- É que aqui na aldeia falaram com o teu avó. Já estavam todos preocupados a pensarem que era da Câmara.
- Não, era eu! Diz lá que podem estar descansados.
(E se eu fosse da Câmara, mandava pôr mais assentos. Reciclados, de preferência, que já vêm com história e talvez um dia um escritor passe por eles e acabe com as ausências dos velhos.)
domingo, 2 de novembro de 2008
Encontrar Cortázar
Na Sexta, ao fim do dia, fui à fnac à espera de encontrar um livro que me salvasse do tédio. A procura foi árdua. Não é fácil...
Encontrei (o verbo que mais gosto!):
- uma agenda para o ano que achei parecida comigo (a capa é a imagem de cima)
- um livro sobre a minha profissão: "Apresentar a Arte: estudo sobre monitores de visitas a exposições" (edição do OAC)
e:
Um LIVRO, um livro mesmo a sério, que andava para ler desde Barcelona (há oito anos, portanto), mesmo que fosse em castelhano. A sorte nunca me fez cruzar com ele em nenhuma livraria e agora, 45 anos depois, foi finalmente traduzido para português!!
Chama-se RAYUELA, é do Julio Cortázar e tem a capa igual à edição que o meu amigo Rui anda a ler em BCN (se não fosse ele, se calhar nunca tinha conhecido este livro, por isso: Obrigada!).
Às vezes, encontramos...
"Um mundo satisfatório para pessoas razoáveis.
Mas será que vai restar alguém, algum homem, que não seja razoável?
Num canto qualquer, um vestígio do reino esquecido. Numa morte violenta, que castigue o infractor por se ter recordado do reino. Numa gargalhada, numa lágrima, a sobrevivência do reino. No fundo, não parece provável que o homem acabe por matar o homem. Vai-lhe escapar, vai apoderar-se dos comandos da máquina electrónica, do foguetão espacial, fintar tudo isso e depois que o apanhe quem puder. Pode matar-se tudo, menos a nostalgia do reino. Levamo-la na cor dos olhos, em cada amor, em tudo o que nos atormenta profundamente, em tudo o que nos empurra, em tudo o que nos engana. Wishful thinking, talvez, mas essa podia ser outra definição do bípede implume."
Julio Cortázar, O Jogo do Mundo (Rayuela)
... só agora reparei no verbo com que "começa" o livro (quer dizer, uma das hipóteses de começar): "Encontraria a Maga?"
(e quando cheguei a casa esperava-me uma prenda: O Arquipélago da Insónia, do António Lobo Antunes. Obrigada André.)
Subscrever:
Mensagens (Atom)