"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
domingo, 2 de novembro de 2008
Encontrar Cortázar
Na Sexta, ao fim do dia, fui à fnac à espera de encontrar um livro que me salvasse do tédio. A procura foi árdua. Não é fácil...
Encontrei (o verbo que mais gosto!):
- uma agenda para o ano que achei parecida comigo (a capa é a imagem de cima)
- um livro sobre a minha profissão: "Apresentar a Arte: estudo sobre monitores de visitas a exposições" (edição do OAC)
e:
Um LIVRO, um livro mesmo a sério, que andava para ler desde Barcelona (há oito anos, portanto), mesmo que fosse em castelhano. A sorte nunca me fez cruzar com ele em nenhuma livraria e agora, 45 anos depois, foi finalmente traduzido para português!!
Chama-se RAYUELA, é do Julio Cortázar e tem a capa igual à edição que o meu amigo Rui anda a ler em BCN (se não fosse ele, se calhar nunca tinha conhecido este livro, por isso: Obrigada!).
Às vezes, encontramos...
"Um mundo satisfatório para pessoas razoáveis.
Mas será que vai restar alguém, algum homem, que não seja razoável?
Num canto qualquer, um vestígio do reino esquecido. Numa morte violenta, que castigue o infractor por se ter recordado do reino. Numa gargalhada, numa lágrima, a sobrevivência do reino. No fundo, não parece provável que o homem acabe por matar o homem. Vai-lhe escapar, vai apoderar-se dos comandos da máquina electrónica, do foguetão espacial, fintar tudo isso e depois que o apanhe quem puder. Pode matar-se tudo, menos a nostalgia do reino. Levamo-la na cor dos olhos, em cada amor, em tudo o que nos atormenta profundamente, em tudo o que nos empurra, em tudo o que nos engana. Wishful thinking, talvez, mas essa podia ser outra definição do bípede implume."
Julio Cortázar, O Jogo do Mundo (Rayuela)
... só agora reparei no verbo com que "começa" o livro (quer dizer, uma das hipóteses de começar): "Encontraria a Maga?"
(e quando cheguei a casa esperava-me uma prenda: O Arquipélago da Insónia, do António Lobo Antunes. Obrigada André.)
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