"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
sábado, 20 de junho de 2009
Estar grávida...
Não será fácil falar sobre como é estar grávida, porque a mistura de sentimentos é muito grande. A ver vamos...
Às vezes acho que é a melhor coisa do mundo, sobretudo quando o Manuel mexe e fico a pensar como ele será. Sei que vou ter saudades desta barriga!! Outras vezes queria que ele nascesse logo, para o poder ver e saber que está bem - se está umas horas sem mexer confesso que fico um bocadinho ansiosa!!
A relação com os outros também é complicada: uns dizem que não podemos fazer nada (cuidado com isto, cuidado com aquilo), outros aconselham uma vida mais radical do que anteriormente (estilo "aproveita agora, que depois é tarde!). Mas sobretudo o que mais me chateia é ouvir críticas de pessoas que nunca passaram por esta situação dizer que sigo à risca as recomendações médicas, que estou a levar isto muito a sério e que o meu míudo vai ser um mimado (e vai, mas não considero isso mau. Mimado não é mal-educado). Cada uma vive a gravidez como quer e acho que não devo prejudicar uma vida que não é a minha: este bebé ainda é muito pequeno.
Cá por casa e no trabalho: sim, sinto-me mais cansada(o meu débito cardíaco aumentou 50%, assim como o volume sanguíneo, as necessidades de oxigénio são maiores), apetece-me um ritmo mais lento, custa-me baixar . Por muito queridos que todos sejam, há sempre esforços que tenho de ser eu a fazer...
Os ataques de choro são frequentes, como no outro dia em que cheguei a casa depois de um dia no museu, uma aula de hidro, fiz o jantar, lavei a loiça e à meia-noite estava a lavar roupa à mão (já é tão pouca a que me serve, que não dá para encher a máquina) para levar no dia seguinte. Depois começo a pensar como vai ser quando o bebé nascer... Não dá para tudo! E ainda assim temos as tarefas mais que divididas cá por casa. Será que estou a exigir demais?
Também começam a acontecer coisas que a mim nunca me aconteciam!! Como cair de escadas abaixo. Não entrei em pânico porque não bati com a barriga e o Manuel mexeu logo a seguir, mas passado uns tempos começei a pensar que poderia ter acontecido alguma coisa... Fico sempre preocupada com a fragilidade deste pequeno ser, embora a médica me tenha tranquilizado e dito que ele está muito bem protegido... Ser responsável por outra vida é sempre ser responsável e por enquanto não posso partilhar isso com ninguém.
Por muito acompanhada que seja a nível médico, há coisas que escapam e uma delas é a questão emocional. A minha obstetra disse-me que estava com a placenta um pouco baixa e, embora não fosse motivo para preocupação nesta fase da gravidez (vai subindo à medida que o útero alarga), se a situação se mantivesse teria de ser feita uma cesariana. Entrei em pânico porque queria mesmo um parto natural!! Andei a pesquisar na net e claro que piorou!! Felizmente escrevi um mail para as Doulas de Portugal, que me responderam de forma muito simpática e tranquilizadora, dizendo:
"é prematuro falar em placenta baixa nesta altura. O ideal é que a médica não lhe tivesse dito nada, pois a placenta vai sair desse lugar e neste momento a Marta está simplesmente tensa e ansiosa sem qualquer necessidade e sem poder fazer nada. Porque e caso de verdadeira placenta prévia no final da gestação apenas se pode fazer uma cesariana, essa é uma verdadeira razão para fazer cesariana, MAS o diagnóstico apenas pode ser feito depois das 34 semanas, altura em que o útero vai crescer muito pouco - em comparação ao que vai crescer com 24 semanas..."
Fiquei com muita vontade de ter uma doula!
Enfim, resumindo: estou feliz, mas assustada. Parece que é uma coisa pela qual terei de passar sozinha.
(Tenho sérias dúvidas acerca da publicação deste post por ser tão intímo e sincero.)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Olá querida:
Tudo o que estás a passar é normalíssimo. Mesmo quando o segundo filho nos bate à porta, a ansiedade é a mesma, os medos são os mesmos e o desejo mesmo é "ver" com os nossos olhos, tocarmos e sentirmos realmente que estão bem. Sei que serás uma mãe linda, extraordinária ou não terias sido uma mana tão excelente.
Um beijo.
Adoro-te
Que querida! Muito obrigada, tia. Bjs
Enviar um comentário