sábado, 20 de junho de 2009

Estar grávida...


Não será fácil falar sobre como é estar grávida, porque a mistura de sentimentos é muito grande. A ver vamos...
Às vezes acho que é a melhor coisa do mundo, sobretudo quando o Manuel mexe e fico a pensar como ele será. Sei que vou ter saudades desta barriga!! Outras vezes queria que ele nascesse logo, para o poder ver e saber que está bem - se está umas horas sem mexer confesso que fico um bocadinho ansiosa!!
A relação com os outros também é complicada: uns dizem que não podemos fazer nada (cuidado com isto, cuidado com aquilo), outros aconselham uma vida mais radical do que anteriormente (estilo "aproveita agora, que depois é tarde!). Mas sobretudo o que mais me chateia é ouvir críticas de pessoas que nunca passaram por esta situação dizer que sigo à risca as recomendações médicas, que estou a levar isto muito a sério e que o meu míudo vai ser um mimado (e vai, mas não considero isso mau. Mimado não é mal-educado). Cada uma vive a gravidez como quer e acho que não devo prejudicar uma vida que não é a minha: este bebé ainda é muito pequeno.
Cá por casa e no trabalho: sim, sinto-me mais cansada(o meu débito cardíaco aumentou 50%, assim como o volume sanguíneo, as necessidades de oxigénio são maiores), apetece-me um ritmo mais lento, custa-me baixar . Por muito queridos que todos sejam, há sempre esforços que tenho de ser eu a fazer...
Os ataques de choro são frequentes, como no outro dia em que cheguei a casa depois de um dia no museu, uma aula de hidro, fiz o jantar, lavei a loiça e à meia-noite estava a lavar roupa à mão (já é tão pouca a que me serve, que não dá para encher a máquina) para levar no dia seguinte. Depois começo a pensar como vai ser quando o bebé nascer... Não dá para tudo! E ainda assim temos as tarefas mais que divididas cá por casa. Será que estou a exigir demais?
Também começam a acontecer coisas que a mim nunca me aconteciam!! Como cair de escadas abaixo. Não entrei em pânico porque não bati com a barriga e o Manuel mexeu logo a seguir, mas passado uns tempos começei a pensar que poderia ter acontecido alguma coisa... Fico sempre preocupada com a fragilidade deste pequeno ser, embora a médica me tenha tranquilizado e dito que ele está muito bem protegido... Ser responsável por outra vida é sempre ser responsável e por enquanto não posso partilhar isso com ninguém.
Por muito acompanhada que seja a nível médico, há coisas que escapam e uma delas é a questão emocional. A minha obstetra disse-me que estava com a placenta um pouco baixa e, embora não fosse motivo para preocupação nesta fase da gravidez (vai subindo à medida que o útero alarga), se a situação se mantivesse teria de ser feita uma cesariana. Entrei em pânico porque queria mesmo um parto natural!! Andei a pesquisar na net e claro que piorou!! Felizmente escrevi um mail para as Doulas de Portugal, que me responderam de forma muito simpática e tranquilizadora, dizendo:
"é prematuro falar em placenta baixa nesta altura. O ideal é que a médica não lhe tivesse dito nada, pois a placenta vai sair desse lugar e neste momento a Marta está simplesmente tensa e ansiosa sem qualquer necessidade e sem poder fazer nada. Porque e caso de verdadeira placenta prévia no final da gestação apenas se pode fazer uma cesariana, essa é uma verdadeira razão para fazer cesariana, MAS o diagnóstico apenas pode ser feito depois das 34 semanas, altura em que o útero vai crescer muito pouco - em comparação ao que vai crescer com 24 semanas..."
Fiquei com muita vontade de ter uma doula!
Enfim, resumindo: estou feliz, mas assustada. Parece que é uma coisa pela qual terei de passar sozinha.
(Tenho sérias dúvidas acerca da publicação deste post por ser tão intímo e sincero.)

2 comentários:

Unknown disse...

Olá querida:
Tudo o que estás a passar é normalíssimo. Mesmo quando o segundo filho nos bate à porta, a ansiedade é a mesma, os medos são os mesmos e o desejo mesmo é "ver" com os nossos olhos, tocarmos e sentirmos realmente que estão bem. Sei que serás uma mãe linda, extraordinária ou não terias sido uma mana tão excelente.

Um beijo.
Adoro-te

Marta G. disse...

Que querida! Muito obrigada, tia. Bjs