Sei que a infância é um país fugaz. Soube-o ainda pequena, nas mudanças de escola e de colegas e depois mais tarde, quando os meus irmãos mais novos cresceram ( o João e a Sara são 15 e 16 anos mais novos que eu). Esta é talvez a principal razão de ser uma mãe tão pouco desprendida - uma mãe galinha, como se costuma dizer - e andar sempre com a cria atrás. Estes feriados e nos últimos fins-de-semana fizemos muitas coisas, andámos para trás e para a frente, o Manuel viu coisas que nunca tinha visto e nós, os pais, também. Foi o Santo António, as sardinhas, o arraial, o algodão doce, o castelo de São Jorge, as pegadas de dinossauros, o render da guarda, os coches e depois, uma exposição da Lygia Clark que esteve na Praça da Figueira.
Nem fazia bem intenção de ir com o Manuel - gosto do trabalho da Lygia há muito tempo e queria realmente experimentar porque só tinha visto umas obras há muito tempo na Casa de Serralves - mas como ele anda sempre connosco, foi. Éramos quatro adultos e ele e houve um momento em que quis experimentar "O túnel", uma maga de pano elástico em cada pessoa entra por um lado, para se encontrarem no meio, e o Manuel, tão querido, foi experimentar comigo. Ele entrou por lado, eu por outro e gatinhamos, gatinhamos, até que por fim nos encontrámos a meio e foi um momento tão mágico e bonito que nunca mais me irei esquecer. Desse encontro resultou esta fotografia, tirada pelo pai.
Mais tarde, disse que ele tinha sido muito corajoso por entrar no túnel, e que era o meu companheiro de aventuras, o que é a mais pura das verdades.
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