Hoje de manhã, na rua que dá para o museu estavam estes em cima de um pilar de cimento. Hesito sempre em trazê-los. Afinal de contas, não me pertencem.
É naquela fracção de segundo em que volto a olhar de novo, em que dou o passo atrás, que penso ser uma espécie de coincidência e que, por alguma razão, estes objectos chamam por mim. Estico a mão e parece sempre que estou a subtrair alguma coisa a alguém...
Mas gosto de pensar: quem os terá bordado? Em que pensaria enquanto bordava? Será que a pessoa já morreu?
E assim, começa uma nova narrativa para estes objectos. Afinal de contas é essa a minha profissão.
Porque "os objectos procuram aqueles que os amam".
Eu passei por ali e estes belos guardanapos de pano, que um dia alguém bordou com carinho, estavam à minha espera.
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