sexta-feira, 7 de junho de 2013

ARX Arquivo



O Centro Cultural de Belém tem um novo espaço dedicado a  exposições: a garagem sul. Não é, como o nome indica, um espaço pensado para ser museu - a presença desse uso como garagem não passa despercebida, mas a iniciativa é de louvar porque já não era sem tempo que a arquitectura ganha um local onde se possa expor em Portugal.


Há já algum tempo que me interessa a relação museu/arquivo: o museu é também um arquivo, embora essa seja a sua face menos visível para o público. Por outro lado, uma das principais funções do museu, a da exposição, parece ser o oposto do que consideramos como arquivo. Por isso, expor um arquivo parece, à partida um contrassenso. 
Mas, como está patente nos tentos do próprio comissário (Luís Santiago Baptista), o arquivo não é totalmente estranho a áreas próximas das da museologia, nomeadamente a da história das imagens.
O Atlas ARX convoca a ideia de atlas proposta por Aby Warburg, no início do século XX e desenvolvida depois por diversos pensadores e artistas.
"Por natureza, o atlas é uma figura da mediação, ou seja, uma estrutura de relações e conexões entre imagens, próximas ou distantes, activadas pela memória. Se, por um lado, joga com o estabelecido, garantindo a inteligibilidade, por outro, avança com cortes cirúrgicos na sua causalidade, libertando o imprevisível. Neste sentido, o atlas constrói identidades por acção de diferenças, instaura a familiaridade a partir da estranheza. Mais processo do que resultado, o atlas põe os conceitos em movimento, investigando potenciais latentes, explorando novas aberturas, traçando linhas de fuga." (Luís Santiago Baptista)


Embora se trate de uma exposição mais direcionada para arquitectos (o público óbvio), a forma como todo o arquivo da ARX foi tratado vai muito para além do que seria uma mera exposição de maquetes, dando a conhecer o processo de trabalho do atelier, ao mesmo tempo que está sempre bem visível que se trata de expor material "arquivístico" que, por norma, não é para ser mostrado. Por isso é um exercício interessante tanto na área da curadoria como na de museologia, precisamente porque consegue fugir ao que estamos mais habituados a ver em exposições de arquitectura.
A visitar.

http://www.arx.pt/pt/construido/579-arx-arquivoarchive


terça-feira, 28 de maio de 2013

doSEMENTE


Já tinha tentado fazer granola em casa, como sempre cereais ao pequeno almoço e nem sempre os que encontro nas grandes superfícies me satisfazem (a maioria porque são demasiado doces). Por isso fiquei contente quando tomei conhecimento do Dosemente: apeteceu-me logo experimentar!
Não me arrependi: a encomenda chegou numa caixinha de papel e a embalagem é muito bonita, quanto ao sabor é mesmo a melhor granola que já provei, nem muito doce, mas com um sabor muito agradável e suave.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Mudei o blog

O modelo anterior do "azuldemarta" chamava-se "favicon", mas não permitia mexer na largura do blog, nem das colunas, o que me impedia de colocar as fotografias um bocadinho maior. Por isso, alterei para um modelo simples que dá um bocadinho de mais flexibilidade, embora não saiba realmente se mudei para melhor (infelizmente esqueci-me de fazer um "print screen" para ver o "antes" e o "depois").
Ainda há algumas coisas a a afinar: por exemplo o cabeçalho ficou muito largo e tenho de ver ser o consigo alterar directamente no html.
E desse lado, o que acham? O que gostam mais e o que pensam que podia ser melhorado?

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Obrigada, filho!


Nem sei bem que título dar a este post... Um dia, ao sairmos da escola, o Manuel disse: "Olha, mãe! As folhinhas que colam!" E, de repente todo um efeito"madalena/Proust" se deu em mim... O coração bateu de forma diferente e pareceu-me que regressava à rua da minha avó, com a minha amiga Sandra ao lado, o cheiro da terra do quintal da Eurídice, o medo do Russo que começava a subir a rua e, sobretudo, a extrema, extrema importância das coisas pequenas, simples e belas.

Por isso, o título só pode ser: "Obrigada, filho!"

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O risco de expor uma obra de arte


Quando estudei em Barcelona tive uma professora de conservação que nos disse, a meio de uma aula: “Os maires riscos para os museus de arte contemporânea são as crianças e os velhinhos.” Dizia isto porque a arte contemporânea, especialmente determinado tipo de instalações, se presta a distrações: os miúdos podem tropeçar na obra quando correm e aos mais idosos, muitas vezes por dificuldades de mobilidade pode acontecer o mesmo ou parecido. Não posso negar que isto, em determinado sentido, possa ser verdade, mas nunca conheci nenhum caso real.
Expor uma obra é sempre um risco: nas galerias de um museu ela está sempre mais vulnerável do que no ambiente mais que controlado das reservas. Mas esse risco deve ser assumido pelos curadores da exposição, pelos diretores de museu e, se for o caso, pelos proprietários da obra. Como sabemos de notícias recentes, até (se calhar, principalmente) nos museus mais insuspeitos acontecem acidentes ou atos de vandalismo. Quando se perde uma obra de arte, todos nós perdemos, mas se guardássemos sempre tudo em reservas perderíamos muito mais. Por isso, quando um comissário de uma exposição escolhe uma obra e o local onde vai ser exposta, deve medir bem os prós e os contras, sabendo sempre desse risco, como o sabem tão bem todos os profissionais de museus mas não deve, nunca, colocar barreiras à contemplação da obra porque, nesse caso, mais vale não a expor.
Neste exemplo que vi há pouco tempo no átrio principal do CAMJAP | Gulbenkian, parece-me que o maior risco para a obra foi mesmo o comissário da exposição, porque se trata de um caso em que as barreiras, colocadas por questões de segurança, interferem em demasia (e diria mesmo, destroem) a obra. E lembro-me bem de, na mesma instituição, ver excelentes opções de exposição desta “floresta”: tanto numa antiga montagem do CAM, como em “50 anos de Arte portuguesa” (foto em baixo). Ainda para mais que o próprio artista, Alberto Carneiro, pensou “Uma Floresta para os Teus Sonhos” para ser uma obra que o visitante pudesse atravessar e, como se lê no próprio site do CAM, na ficha da peça:
“um tronco de árvore não é dado a ver através do desenho ou de uma fotografia, mas é um tronco de árvore ele mesmo que é mostrado, como em Uma Floresta para os Teus Sonhos, em que 200 troncos de árvores de diferentes dimensões e alturas podem não só ser contemplados, como atravessados ou tocados.” Para além de todos os riscos óbvios a que as obras estão sujeitas e mais os imprevisíveis ataques de lunáticos e possíveis quedas de crianças tresloucadas ou velhinhos distraídos eu, pessoalmente, gostaria muito que não fosse necessário acrescentar os curadores a esta lista.

Playlist Maio

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Onde eu queria estar daqui a alguns dias


"The punk ethos of do-it-yourself might seem at odds with the couture ethos of made-to measure. But in actual fact, they are both defined by the same impulses of originality and individuality." Andrew Bolton, Curator, The Costume Institute

No MET: PUNK: Chaos to Couture