sexta-feira, 25 de abril de 2014

R de Revolução, R de Recordação

Este era o dia em que ia para a Avenida às cavalitas do meu avô Parreira, quando ainda não entendia tudo... Este era o dia em que o ouvia cantar que "a reforma agrária já não volta atrás", para depois perguntar o que era a reforma agrária, porque é que ela já não voltava atrás e o que era a reacção... Foram muitos 25s de Abril para chegar aqui. Há coisas que jamais recuperaremos, outras pelas quais temos de continuar a lutar e muitas, muitas mais pelas quais devemos estar gratos.
Há uns anos ouvi o meu sonhar alto que fugia da PIDE. Foi só um sonho, mas eu compreendi todo o terror. Hoje, com 83 anos, o meu avô já não desce a Avenida, mas continua a lutar. A ele e à minha avó Maria estou eternamente grata.

"Nascem flores vermelhas,
Pela Primavera"

Dele

Hesitei em dar-lhe canetas de feltro, sabia que ia ser irreversível e queria que ele aprendesse a desenhar e a pintar com lápis de cor. Dei-lhas ainda com dúvidas, mas desde aí não tem parado de as usar e a galeria de retratos cresce a olhos vistos... 
Sou uma mãe tão babada!


quinta-feira, 17 de abril de 2014

À venda em DVD

Passei pelo King. Passei pelo sítio onde era o King, o cinema onde aprendi a ver cinema e provavelmente o sítio onde mais filmes vi. Desde que o M. nasceu contam- se pelos dedos da mão as vezes que voltei a salas de cinema e, embora todas pertencessem à Medeia, nenhuma delas foi o King... E agora, jamais voltará a ser o King.
Passei por lá. Espreitei. O Amor à venda em DVD é a única coisa que nos indica que ali terá sido um cinema. Um epitáfio. 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Receita para dias de (alguma) febre

Hoje o M. estava muito entusiasmado porque ia lá à escola um mestre chocolateiro (haverá melhor profissão?) ensinar a fazer ovos de chocolate. Mas os 39 graus de febre trocaram-lhe as voltas, por isso - e porque eu nunca me arriscaria nos ovos de chocolate - optámos por uns bolos de cacau e beterraba numas formas primaveris do LIDL. Ficaram pouco doces (mesmo como ele gosta) e fofinhos no aspecto e na textura.



domingo, 6 de abril de 2014

Uma família sem televisão


Um tempo houve em que tínhamos televisão: víamos séries, telejornais, o "Câmara Clara" (ao Domingo à noite, às vezes enquanto passava a ferro). Depois, a televisão foi-se afastando de nós ou nós dela, não sei bem...
Mas também não poso deixar de dizer que sempre admirei as famílias que não tinham televisão e que sempre achei o aparelho uma caixa barulhenta em que o conteúdo muito raramente era interessante... Veio, então a "televisão digital terrestre" e ainda compramos uma maquineta para a ligar à antena, mas o Manuel fez o favor de dar cabo dela em três tempos...
Fomos ficando, no entanto, com a televisão, sempre dava para ver filmes ou ouvir música através do DVD mas, azares dos azares ou sorte das sortes, o som pifou de vez e já não servia de nada... Um belo dia do Verão de 2013 deitei-a fora e até agora não voltou a entrar outra em nossa casa.
No seu lugar nasceu um mini jardim de suculentas.




"A televisão é um instrumento permanente do 'divertissement'. (...) É uma cultura do esquecimento e uma criação do esquecimento sobre o esquecimento"
Eduardo Lourenço

domingo, 16 de março de 2014

A vida é ao fim de semana?

Parece que a vida se resume aos fins de semana. Talvez seja verdade, porque o que nos resta dos dias (supostamente) úteis é pouco (ou se calhar é só porque eu não tenho o hábito de o partilhar aqui).
Depois de três máquinas de roupa, duas de loiça e outros deveres cumpridos, fomos à Gulbenkian ouvir histórias e ver as duas belíssimas exposições (Rui Chafes e João Tabarra), piquenicar e também descansar na relva de pés descalços.
Depois, rumámos ao Cinema São Jorge para ver umas curtas de animação húngaras do festival MONSTRA (para a semana há mais e vale mesmo a pena).

terça-feira, 4 de março de 2014

O foguetão...

Tudo começou com duas caixas de cartão subcompridas que trouxe do Museu, já com a ideia de construir o foguetão. Depois, pedi assessoria de matemática à minha irmã mais nova para saber a altura certa com que deveriam ficar os triângulos de modo a que tudo encaixasse, ao que ela gentilmente ela me respondeu com um desenho:
Mas, enfim, o tempo é pouco e a verdade é que as caixas já cá estavam desde o Verão, mas só ontem é que eu e o Manuel pusemos mãos à obra. Foi difícil e demorou o dia todo principalmente porque tivemos de aproveitar a base que fechava a caixa para ganharmos espaço em altura. Cortámos, com colámos e voltámos a colar (a parte de baixo foi reforçada com cartão, papel de jornal e muita muita cola branca) e no fim pintámos... Aqui ficam algumas fases:


(No fim a casa estava um caos e ainda hoje andei a limpar tinta, mas valeu bem a pena).