Se me perguntarem quem sou, hoje em dia, pouco mais sei responder para além de: "Sou mãe de um rapaz de 5 anos e trabalho num museu."
Sim, é verdade, pouco mais do que isto e dos dados que constam do cartão de cidadão.
Não sei onde me perdi, mas tenho a sensação que deixei o meu "eu" algures, noutro tempo, noutro lugar. E para ser sincera, nem sequer tenho planos para o "eu" futuro que por aí possa aparecer.
Triste, não é?
Claro que posso sempre dar a desculpa da maternidade. Afinal de contas, quando nasce um bebé, o nosso centro de gravidade muda: deixa de estar dentro de nós, para passar a estar numa pessoa que, apesar de ser nosso/a filho/a, não deixa de ser outra pessoa. E o meu dia-a-dia perde-se no tempo em que sou "a profissional" e o tempo em que sou "a mãe". Não existe mais nada para além disso.
Não sei quem sou, mas sei que isso não é novo. Ah, os filósofos gregos, claro!
Por isso, hoje, fez muito sentido para mim ler isto:
"To love is to live. Live in love with yourself.
Before we even begin… let’s get one thing straight. To love yourself… to honor YOU as you would any other… takes self-respect and patience. Loving yourself requires appreciation for the mind, body, and spirit you embody on this earth. To fall in love with “you” is not equated with promoting ego, conceit, or arrogance. Ok? Ok….
First love yourself, then others will love you. Love your mind, the outstanding accomplishments and failures that help you grow. Love your body, the exquisite beauty and faults that make it so. Love your soul, the enthusiastic happiness and the splendid release of sorrow.
Embrace mind, body and soul within both arms…spread wide enough to envelop the world within your hands… dance when you feel like dancing, cry when you feel like crying. Express the love you feel within yourself to help the self-love of others prevail – and while it may be the most terrifying journey, to accept yourself as you are in its entirety, it will make loving others, in all their differences, in all their shapes and sizes… as natural as breathing.
Yes. Buy yourself flowers. Embrace yourself mentally in a hug… laugh in the moments you need it most from another…. go on a vacation by yourself ….. go out dancing solo…. sit at a café all day long writing and reading without needing another to make you feel comfortable. Self-love is complete acceptance of yourself. To know who you are, where you have come from, and all the places you still have to go… own it all and stand proud."
Daqui: Freepeople (donde também vem a fotografia)
Agora, só me falta aprender a ter tempo para mim.
"Do not ask me who I am and do not ask me to remain the same: leave it to our bureaucrats and our police to see that our papers are in order. At least spare us their morality when we write." Michel Foucault
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
1, 2, 3, 4, 5 (e uma festa de dinossauros)
Aos 5 anos, acho que ele gosta de tudo. Parece que não há nada que não lhe possa interessar, desde fósseis, a dinossauros, cozinha, arte, futebol, sei lá... Faz perguntas engraçadas como, "Mas, mãe, as múmias estão vivas ou mortas?"
Quando sai da escola ainda pede colo. Eu ainda dou (e tenho tantas saudades da altura em que ele cabia no sling).
A meio da noite ainda grita: "Mããããe!", elevando o volume até eu chegar efectivamente lá.
Na manhã em que fez 5 anos disse-lhe "Parabéns, filho!" e ele respondeu "Parabéns, mãe!"
Dizemos muitas vezes "amo-te", mas também nos zangamos e, claro, pedimos desculpa.
Pergunto-me mil vezes se estou a fazer bem ou mal. Provavelmente nunca irei saber, porque se calhar não há "bem" nem "mal"... Quem leu Arno Gruen sabe bem do poder das mães, seja ele consciente ou inconsciente. Talvez não haja nada a fazer, só estar lá, para o que der e vier.
O que eu quero mesmo é que ele seja
livre
feliz
inteiro
(inteligente e culto, se der)
Perguntei-lhe sobre a festa. Disse que queria de dinossauros, para meu espanto, porque até aí o assunto parecia não lhe interessar.
Lá fizemos os dinossauros, eu decorei nomes inimagináveis, ele pintou uns quantos. O meu maravilhoso irmão cozinheiro fez uma dino-melancia cujo único defeito era ser efémera. O meu outro irmão ajudou a tomar conta dos putos (vêem, como os irmãos são importantes?) Convidámos 10 meninos. Nasceram dinossauros lá em casa e agora, todos os fins-de-semana, a minha casa é um campo de arqueologia (graças aos brinquedos da Science4you).
Quando sai da escola ainda pede colo. Eu ainda dou (e tenho tantas saudades da altura em que ele cabia no sling).
A meio da noite ainda grita: "Mããããe!", elevando o volume até eu chegar efectivamente lá.
Na manhã em que fez 5 anos disse-lhe "Parabéns, filho!" e ele respondeu "Parabéns, mãe!"
Dizemos muitas vezes "amo-te", mas também nos zangamos e, claro, pedimos desculpa.
Pergunto-me mil vezes se estou a fazer bem ou mal. Provavelmente nunca irei saber, porque se calhar não há "bem" nem "mal"... Quem leu Arno Gruen sabe bem do poder das mães, seja ele consciente ou inconsciente. Talvez não haja nada a fazer, só estar lá, para o que der e vier.
O que eu quero mesmo é que ele seja
livre
feliz
inteiro
(inteligente e culto, se der)
Perguntei-lhe sobre a festa. Disse que queria de dinossauros, para meu espanto, porque até aí o assunto parecia não lhe interessar.
Lá fizemos os dinossauros, eu decorei nomes inimagináveis, ele pintou uns quantos. O meu maravilhoso irmão cozinheiro fez uma dino-melancia cujo único defeito era ser efémera. O meu outro irmão ajudou a tomar conta dos putos (vêem, como os irmãos são importantes?) Convidámos 10 meninos. Nasceram dinossauros lá em casa e agora, todos os fins-de-semana, a minha casa é um campo de arqueologia (graças aos brinquedos da Science4you).
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Filhote,
Produções Mãe Galinha Filho Pintaínho
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Hoje
Se pudesse tinha um par de cada cor.
Não consigo livrar-me deste vício por plantas e plantinhas. Disse-me o rapaz da mercearia que estas se chamam "beijinhos de mãe".
O pequeno perguntou-me porque é que eu, quando era também pequena, queria ser bailarina e não arqueóloga.
Tudo confere, não acham?
domingo, 28 de setembro de 2014
Quase cinco!
Parece que ainda ontem estava na barriga...
Este ano, quer que a festa seja em casa, "para os amigos verem o meu quarto". Até agora tem sido sempre num jardim, o que facilita muito as coisas. Para ser em casa, teremos de fazer uma festa para a família (só avós são 6 e tios são 7) e outra para os amiguinhos (da escola antiga e da escola nova). Também é a primeira vez que a festa tem tema: Dinossauros! Os ovos-convite já estão feitos, mas o resto da decoração ainda não. (A sério, a minha cabeça está cheia de dinossauros!).
Como prenda quer um animal de estimação: dou-lho ou não?
(E um irmão, dou-lho ou não?)
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Um livro perfeito e que faz água na boca
This is Just to Say
I have eaten
the plums
that were in
the icebox
and which
you were probably
saving
for breakfast
Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold
Wiliam Carlos Williams
Um livro com poemas, pinturas, desenhos e receitas de cozinha? Sim! Foi esse o livro que dei ao meu irmão no aniversário (ele é cozinheiro) e que adorei. Na verdade, agora quero mesmo ter um para mim.
Dele, tirei este poema que vem ilustrado com o quadro do Manet. Nele, a receita de cebolas caramelizadas do Van Gogh deixou-me curiosa e com vontade de experimentar.
Não sou boa cozinheira (na família, esse dom parece caber aos homens), mas gosto de livros de cozinha. E gosto de livros de arte. E gosto de poemas.
Chama-se The Modern Art Cookbook (e o natal está aí à porta!)
Ah, e do facebook, tenho muita inveja desta gente que desenha e cozinha: They Draw and Cook
Dele, tirei este poema que vem ilustrado com o quadro do Manet. Nele, a receita de cebolas caramelizadas do Van Gogh deixou-me curiosa e com vontade de experimentar.
Não sou boa cozinheira (na família, esse dom parece caber aos homens), mas gosto de livros de cozinha. E gosto de livros de arte. E gosto de poemas.
Chama-se The Modern Art Cookbook (e o natal está aí à porta!)
Ah, e do facebook, tenho muita inveja desta gente que desenha e cozinha: They Draw and Cook
domingo, 21 de setembro de 2014
O sítio que escolhi para ser feliz
Há uma semana, começámos um novo ritual.
Saímos do prédio, subimos a rua, viramos à esquerda, passamos por baixo das árvores que se chamam olaias, subimos as escadinhas, damos a curva e entramos na escola.
É tão fácil! Sem pressas para entrar no carro, por o cinto, sem trânsito. Assim de fácil!
Encontramos amigos no parque e parece que tudo o que precisamos está aqui no bairro. Reparo nas casas bonitas, nos prédios que são pintados de novo, nas frutas â porta da merceria.
Ao princípio foi difícil porque o M. ainda não tem educadora e nós não tínhamos forma de ficar com ele em casa. Ainda ponderámos voltar ao colégio em Carnide, mas andar para trás demoveu-nos.
Agora, mesmo só com a auxiliar e alguns amigos ele está feliz. Nós estamos felizes.
E começo a pensar que o meu mundo é o meu bairro.
(E quem sabe um dia não acabo a trabalhar no palácio - que dizem assombrado - mesmo aqui ao lado).
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Confissões de uma mãe
Foi pouco tempo depois de o M. nascer que li o livro“100 Promessas para o Meu Bebé”. Nele, a autora, Mallika Chopra (filha do Depak, claro), relata as promessas que fez à sua bebé enquanto ainda estava grávida mas, como o livro foi escrito depois (se não me engano já a filha tinha 2 anos), faz também uma análise do que conseguiu e não conseguiu cumprir. Lembro-me que uma das promessas não cumpridas era nunca dizer não a esse futuro bebé, o que para uma mãe é mais que óbvio, claro!
Acho que todas nós fizemos promessas aos nossos bebés: imaginámos-lhes os quartos, as escolas aonde iam aprender a tocar violino ou dança, ou o que for, os livros que leríamos à noite, as birras que eles nunca iriam fazer no supermercado (Os nossos? Nunca, claro!). Quando imaginámos esse bebé, imaginámos também uma mãe. Uma mãe que nunca (nunca mesmo) gritaria, que não daria gomas nem refrigerantes cheios de açúcar, que nunca perdesse a paciência, que nunca levantasse a mão. Imaginei-me e treinei-me assim e agora, olho para mim, e estou virada do avesso, porque faço isto tudo (pouquinho, bem sei, mas faço).
Estas férias fomos acampar, como já sabem. Esta era uma das promessas que tinha feito ao meu bebé. Correu bem. Para uma criança que vive na cidade, é um permanente estado de excitação! Sabem o que acontece nestas alturas? Não querem dormir, não querem comer, não querem vestir-se, empoleiram-se em nós o tempo inteiro e respondem. Respondem “não”, “não quero”, “não vou”, “não faço”, “és feia”, “não mandas em mim”. Quatro anos! E eu a ver todas as questões de poder, intrínsecas numa relação mãe/filho ali, de viva voz à minha frente!
Acho que todas nós fizemos promessas aos nossos bebés: imaginámos-lhes os quartos, as escolas aonde iam aprender a tocar violino ou dança, ou o que for, os livros que leríamos à noite, as birras que eles nunca iriam fazer no supermercado (Os nossos? Nunca, claro!). Quando imaginámos esse bebé, imaginámos também uma mãe. Uma mãe que nunca (nunca mesmo) gritaria, que não daria gomas nem refrigerantes cheios de açúcar, que nunca perdesse a paciência, que nunca levantasse a mão. Imaginei-me e treinei-me assim e agora, olho para mim, e estou virada do avesso, porque faço isto tudo (pouquinho, bem sei, mas faço).
Estas férias fomos acampar, como já sabem. Esta era uma das promessas que tinha feito ao meu bebé. Correu bem. Para uma criança que vive na cidade, é um permanente estado de excitação! Sabem o que acontece nestas alturas? Não querem dormir, não querem comer, não querem vestir-se, empoleiram-se em nós o tempo inteiro e respondem. Respondem “não”, “não quero”, “não vou”, “não faço”, “és feia”, “não mandas em mim”. Quatro anos! E eu a ver todas as questões de poder, intrínsecas numa relação mãe/filho ali, de viva voz à minha frente!
E foi então, num desses momentos, que eu vi a minha mão saltar fora de mim. A minha mão e com ela a minha cabeça. E com isso o meu coração despedaçou-se.
Não foi isto que eu imaginei. Não é isto que eu quero para mim, nem para a minha família.
Felizmente, dias depois, a Mariana, da Família Pumpkin, partilhou este artigo no Facebook. Li com atenção, links incluídos e reforcei a ideia de que não era isto que queria, portanto, tanto os meus níveis de paciência como o meu background teórico (sim, as mães também têm um!) teriam de ser reforçados. Por isso, enchi-me de coragem, e inscrevi-me neste curso!
Não há mães perfeitas, melhores ou piores. Há muitas formas de educar um filho (provavelmente tantas como o número de mães existente) e nenhuma totalmente certa ou totalmente errada. Mas existe essa mãe que outrora sonhámos ser e é essa que eu não quero perder de vista.
E porque este post é tão sério, merece uma canção divertida. Afinal de contas, "porque é que o bom é melhor que o mau?"
Felizmente, dias depois, a Mariana, da Família Pumpkin, partilhou este artigo no Facebook. Li com atenção, links incluídos e reforcei a ideia de que não era isto que queria, portanto, tanto os meus níveis de paciência como o meu background teórico (sim, as mães também têm um!) teriam de ser reforçados. Por isso, enchi-me de coragem, e inscrevi-me neste curso!
Não há mães perfeitas, melhores ou piores. Há muitas formas de educar um filho (provavelmente tantas como o número de mães existente) e nenhuma totalmente certa ou totalmente errada. Mas existe essa mãe que outrora sonhámos ser e é essa que eu não quero perder de vista.
E porque este post é tão sério, merece uma canção divertida. Afinal de contas, "porque é que o bom é melhor que o mau?"
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