Aconteceu comigo. Um dia alguém me disse: "Agora, até os filhos dos empregados tiram cursos." Estas palavras vieram da boca uma pessoa com poder, na altura hierarquicamente superior a mim e que confessava ter saudades do tempo de Salazar.
Por isso, compreendo bem a conversa de Rui Ramos (de que o Daniel Oliveira falhou aqui) e o modo de pensar desta gente. É uma chatice que agora os pobres também estudem, ainda por cima com boas notas e com bolsas de mérito. Os filhos dos empregados, imagine-se, com mestrados e doutoramentos! Deixou de ser uma pequena minoria - endinheirada e com possibilidades - a ter acesso ao conhecimento, deixou de haver uma elite intelectual maioritariamente de direita. E isso irrita-os. A democratização do conhecimento enerva-os!
Por isso, querem privatizar - também - a investigação científica, para que seja mais fácil controlar quem tem acesso a ela.
O pior é que o Rui Ramos é historiador, teve bolsas do estado e faz parte da FCT: se não concorda com o sistema porque trabalha e usufrui dele? Para além disso, quanto menos mestrandos e doutorandos existirem, também menos professores universitários serão necessários (não é preciso saber muito de matemática para chegar a esta conclusão).
Quanto ao argumento da inutilidade da investigação, tenham juízo! Há apenas 20 anos atrás, a investigação existente em História de Arte era praticamente residual e mesmo em campos como a História dos Descobrimentos (ou da Expansão Marítima) o que existia era ínfimo em relação ao que se tem conseguido fazer graças aos institutos das universidades, às bolsas da FCT, mas também da Gulbenkian e da Fundação Oriente (entidades privadas que durante algum tempo foram a única fonte de rendimento de alguns investigadores).
Não há investigação feita em regime de hobby, a investigação é um trabalho que exige competência e seriedade e que é da maior importância para o país.
Porque um país que não se conhece a si próprio, não existe.
(Valha-me o Sérgio Godinho, que estou farta desta gente!)
Quanto ao argumento da inutilidade da investigação, tenham juízo! Há apenas 20 anos atrás, a investigação existente em História de Arte era praticamente residual e mesmo em campos como a História dos Descobrimentos (ou da Expansão Marítima) o que existia era ínfimo em relação ao que se tem conseguido fazer graças aos institutos das universidades, às bolsas da FCT, mas também da Gulbenkian e da Fundação Oriente (entidades privadas que durante algum tempo foram a única fonte de rendimento de alguns investigadores).
Não há investigação feita em regime de hobby, a investigação é um trabalho que exige competência e seriedade e que é da maior importância para o país.
Porque um país que não se conhece a si próprio, não existe.
(Valha-me o Sérgio Godinho, que estou farta desta gente!)
Sem comentários:
Enviar um comentário