sexta-feira, 25 de abril de 2008

Eu vejo tudo enquadrado


"Enquadrar 1 meter em quadro; 2 emoldurar; encaixilhar; 3 tornar quadrado; 4 integrar em determinado meio ou contexto; FOTOGRAFIA, CINEMA posicionar no visor da cãmara para filmar ou fotografar" Dic. de Português, Porto Ed.

Penso neste post há algum tempo. Desde que fui ao Porto.
A arquitectura consegue, muitas vezes e de maneira surpreendente, tornar-se uma arte maior. Não consigo lembrar-me, ou perceber, desde quando é que começámos a sentir a necessidade (se é que foi "necessidade")de escolhermos pequenos pedaços do mundo para destacar do resto. Escolher um fragmento de uma paisagem a pintar, uma parte de uma cidade a fotografar ou a filmar.
Passa-me pela cabeça que a maior invenção da história da arte possa ter sido a moldura. Essa mesma moldura grande, pesada, trabalhada e dourada dos séculos XVIII e XIX. Essa moldura que punha precisamente em destaque o que merecia ser visto, ser olhado. O próprio pintor só existia em função da moldura, do enquadramento. Só aí, em pequenos fragmentos, criteriosamente escolhidos, poderia merecer ser pintado o que o artista pretendia destacar. Olhem Friedrich!
E Siza sabe isso. Acho que ele sabe. É preciso escolher bem o sítio das janelas, esse lugar fronteira entre o nosso mundo e o dos outros. A arquitectura é também ela enquadramento, embora só alguns saibam.
Como seria bom poder escolher sempre ver o mundo enquadrado!
Talvez seja este, afinal, o tema da canção de Adriana Calcanhoto, "Esquadros":

Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome nos meninos que têm fome

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

terça-feira, 8 de abril de 2008

Hoje o dia está assim...


... infelizmente em todos os aspectos.
(seria bom conseguir entregar o irs pela net, se soubesse todos os códigos que eles acham que devemos saber de cor.)

segunda-feira, 31 de março de 2008

Vincent

Uma das melhores curtas de Tim Burton, que vale sempre a pena rever.

quinta-feira, 27 de março de 2008

What a Wonderful World!

Por razões profissionais e pesquisas no You Tube fui ter a este vídeo! Para ver com som.

domingo, 23 de março de 2008

Are museums for high culture or low?



Esta é uma frase do artigo "Museums Refine the art of Listening" que saiu hoje no New York Times. Já sabemos da importância dos estudos de público para perceber quem nos visita e, não menos importante, quem não o faz e porquê. Mas o que oferecem os museus em troca? Que pertinência podem ter estes estudos na curadoria de exposições, na arquitectura de museus, na forma como recebemos o público? Parece que a questão vai ainda mais longe quando nos perguntamos se os museus correm o risco de baixarem demasiado o nível com o objectivo de conseguirem atingir mais visitantes (o que muitas vezes significa também conseguirem mais verbas).
Talvez esta não seja a forma mais correcta de pôr a questão. Quem gosta de museus, quem trabalha neles, quer divulgá-los e receber os visitantes da melhor forma possível. Ninguém gosta de uma exposição cansativa e sem os mínimos recursos de leitura. Também ninguém nasce ensinado. Os museus devem abrir as portas, permitir o conhecimento das colecções, ter espaços de descanso e aprendizagem nas exposições e disponibilizar o máximo de informação possível sobre as exposições. Acho que isso não custa muito, mas conheço poucos museus onde é feito.
Achei muito boa ideia esta sala do Hamburguer Bahnhof (primeira foto), com frases de artistas e livros sobre arte contemporânea (para já não falar da linguagem pouco pretenciosa, mas muito interessante, do audio-guia gratuito!). Na segunda foto (do artigo) um "learning lounge" no San Francisco Museum of Modern Art, com catálogos e excertos de conversas com artistas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Sair de casa para ir aqui


Umas horas de caminho, só para ver esta exposição.
E vale a pena, ver trabalhos de Rauschenberg que, não sendo aqueles a que estamos habituados, nos ajudam a perceber o processo criativo do artista e forma como ele se envolve com os sítios por onde passa. Fantásticas peças, sobretudo as do período indiano, feitas com tecidos. os "jammers".
Como diz o texto do desdobrável:
"No ashram de Ahmadabad (Índia, 1975), fascinado com a beleza dos tecidos, as suas cores quantes e vivas, os processos milenares da sua tintagem e estampagem, Rauschenberg inicia uma série de colaborações com artesãos locais. Aí terá tido origem a série "Jammers", nome derivado de "windjammer" (veleiro). A metáfora náutica de um veleiro associava um material - o tecido das suas velas - à acção humana e à natureza."
Um senão: o audioguia. Comparado com os dos museus de Berlim, pouco pretenciosos e fazendo a ponte entre o espectador e a obra, o texto de Serralves é pouco prático, demasiado literário. Resumindo: um audioguia não é um catálogo de exposição nem um texto para experts.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Berlim


Depois de um semestre a pensar única e exclusivamente em museus fui a Berlim... ver museus. Mas valeu a pena, sobretudo pela companhia fantástica dos coleguinhas de mestrado (e não só, claro).
Vale a pena ir e vale a pena voltar. Ficou muito para descobrir.