terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Inevitavelmente, balanços...

Este ano, o meu avô sobreviveu, contra todas as previsões e depois de pensarmos que estávamos perto de perdê-lo para sempre.
Este ano, as mãos do meu filho continuaram a crescer, mas continuam a fazer festas no meu cabelo.
Este ano, ele mudou de escola e eu chorei.
Este ano voltei a encontrar-me com a minha melhor amiga de adolescência e continuamos a falar das coisas mais importantes e mais íntimas, das mais fúteis às mais tontas com a mesma leveza, o mesmo sorriso e tudo misturado! Passaram 20 anos, mas podiam ter sido só 20 horas!
Este ano voltei ao ginásio para descobrir que nunca o devia ter deixado.
Este ano, viajei pela primeira vez em trabalho e dei uma conferência em inglês e correu bem.

Para o ano que começa já na Quinta-feira não tenho planos. Estou cansada de fazer projectos que não chegam a concretizar-se. Espero só que a vida me surpreenda pela positiva. Tenho de aprender a dar lugar ao inesperado.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Chegar ao Inverno para lembrar o Verão

[Porque só agora houve tempo de descarregar as fotografias]






E lembrar-me da felicidade que é ver o meu filho correr atrás dos meu avós. E dos gatos que nasceram e que já andam pelo mato.
E esperar que no próximo ano tudo se possa voltar a repetir.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Questões (pós)existenciais

[ao jantar]
- Mãe, o que é que nos acontece depois de morrermos?
- Não sei, filho… Transformamos-nos noutra coisa. Somos feitos de matéria e essa matéria transforma-se noutra coisa: uma árvore, um pássaro ou, se calhar, um peixinho.
- Tens mesmo a certeza?
- Não. Ninguém sabe bem o que acontece depois.

[depois do jantar]
- Mãe, como é que os passarinhos sabem qual é a sua mãe?
- Então, porque é a mãe que toma conta deles. Como é que tu sabes que eu sou tua mãe? Porque desde bebé eu tomo conta de ti, não é? Com os passarinhos é o mesmo.
- Quando eu for passarinho podes ficar ao pé de mim, no ninho?
- Sim, filho, claro!
- Então, eu vou estar no ramo daquela oliveira mais alta, está bem?


(Nunca ninguém tinha combinado comigo um encontro na outra reencarnação! Mas os laços kármicos devem mesmo ser muito fortes!)

domingo, 14 de dezembro de 2014

Os nossos Domingos à tarde

"Mãe, tens deixar os olhos de fora, para ela quando acordar ver onde é que está."

À porta de casa

Nunca tinha percebido bem está mania de por enfeites na porta de casa. Para quem vive num prédio, sobretudo no último andar, a utilidade é praticamente nula. Mas este Inverno, decidi que a quadra incluíria trazer alguma natureza para casa e assim, fomos à "floresta" (a única que há em Lisboa) e trouxemos musgo, ramos verdes e bagas coloridas. Pus mãos à obra e fiz uma coroa que me enche de orgulho sempre que chego a casa.
(Entretanto, as bagas abriram e o M. diz: "Está tão giro, mãe! Parecem cérebros!")

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A insustentável repetição do quotidiano

Às vezes sinto-me assim, demasiado "atrapada" pela realidade. Não me lembro do termo correcto em português (e nem sequer sei porque o uso em espanhol, vivi em Barcelona menos de um ano e não aprendi castelhano nem catalão). Talvez seja "encurralada", mas é uma palavra feia...
Tenho quase uma vida de sonho: um emprego que gosto, na área que estudei, um filho para lá de maravilhoso e um marido de fazer inveja. Do que sonhava para mim em criança só me falta um quintal e um cão. E no entanto... 
Às vezes parece-me tudo tão demasiadamente igual, tudo tão aborrecido... E sim, eu sei que há maneiras de fazer com que a nossa vida seja fantástica; dezenas de livros, centenas de blogues e milhares de conselhos, mas então? A vida não é um livro de instruções.
Hoje sinto-me uma pessoa chata e desinteressante. 
Quotidiana. 
Superficial.
E nem sequer bonita.
Ou talvez seja só o mundo à minha volta.

(Vou temperar os bifes para o jantar.)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Para tomar o aspecto de uma fénix


Fiz uma contratura muscular na aula de sexta. 
A casa tornou-se um caos que não consigo resolver. 
Os rapazes não estão cá.
À falta de conseguir fazer melhor, sentei-me a emparelhar e coser meias. 
Olhei para o lado e vi o livro que tirei da estante há mais de um mês. Comprei-o no primeiro ano de licenciatura, em 1995.

"Fórmula para tomar o aspecto de uma fénix.

Palavras ditas por N.:

Eu voei como um deus primordial, eu vim à existência como Khepri, eu cresci como uma planta, eu protegi-me com uma carapaça como uma tartaruga. Eu sou o fruto de cada deus. Eu sou a sétima destas sete uraeus que se encontram no Ocidente, o Hórus que se torna luminoso a ele próprio, este deus (que julgou) contra Set, o Tot que se colocou no meio deles neste julgamento do chefe de Letópolis com as Almas de Heliópolis, a água que correu entre elas. Eu vim neste dia, tendo aparecido na procissão dos deuses. Eu sou khonsu, aquele que se opõe aos senhores.

Quem conheça esta fórmula sendo puro, pode sair à luz do dia depois da sua morte e tomar os aspectos que o seu coração deseja tomar; (pode) estar entre os seguidores de Uen-nefer, alimentar-se dos alimentos de Osíris, ter a oferenda funerária, ver o disco solar, ser próspero sobre a terra junto de Ré, é justificado junto de Osíris, e nenhum mal tem poder sobre ele. Isto foi verdadeiramente eficaz milhões de vezes."
O livro dos mortos do Antigo Egipto, Assírio & Alvim 

(Volto para as meias, que agora assumem uma nova dimensão embora não tenha encontrado nenhuma fórmula para me tornar uma dona de casa eficaz.)

sábado, 29 de novembro de 2014

Compras (por enquanto para nós)

Este mês não dá para todas as compras que gostaríamos de fazer, mas não resistimos a ir espreitar o showroom do Perdi o fio à meada (http://perdi-o-fio-a-meada.blogspot.pt), aqui mesmo pertinho de casa. O espaço estava animado e o Manuel demorou tempos a fazer um desenho que quis trazer para casa e que colámos com a fita cola colorida do Made in Paper (eu fiquei apaixonada pelos carimbos -http://madeinpaper.bigcartel.com/product/alphabet-stamp-boxes-hand-drawing - , mas fica para a próxima). Também trouxemos para casa mais um presépio, desta vez em forma de mobile feito pela Ana Ventura - http://papeisportodolado.blogspot.pt - (aposto que a Cavaca não tem este).
E para além disto tudo, hoje foi mesmo um dia especial, porque o Manuel deu o seu primeiro concerto!

(A aplicação não dá para por links, por isso teve mesmo de ser assim).

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Os Museus são como as cerejas

"Mãe, faz-se assim: primeiro tira-se o sangue todo pelo nariz, com uma agulha, depois tira-se o cérebro, a seguir corta-se a barriga e tira-se tudo lá de dentro, menos o coração. Como está tudo podre e cheira muito mal, põe-se perfume. Por cima. para dar sorte, põem-se os escaravelhos."
Arregalei os olhos, fiquei calada e pensei: "Tenho um Dexter de 5 anos anos a viver em minha casa."
Mas não pude resmungar, a culpa foi minha que o levai a uma actividade sobro o antigo Egipto na Gulbenkian. E ele, com aquele ar tão sério e aquela conversa macabra até teve graça!
Desde aí não se cala com as múmias e os deuses egípcios e, como a informação histórica já é tanta, a todo o tempo faz perguntas sobre a cronologia: "Mas foi antes ou depois dos homens das cavernas?", "Antes ou depois de Jesus?", "Antes ou depois do Dartacão?" (Há-de ser sempre Dartacão e nunca, jamais, D'Artagnan.)
E explicar-lhe onde encaixava, cronologicamente, a acção do filme "Como Treinares o teu Dragão". Pois, até eu fico mais inteligente com isto tudo (e com dor de cabeça também, confesso.)
Mas, bem, voltando aos museus... Sempre acreditei que os museus funcionam de modo cumulativo: quem vê um quer ver dois, quem vê dois, está perdido para todo o sempre! Assim aconteceu connosco pais (e especialmente comigo, que sou museóloga) e assim está a repetir-se com ele em modo muito mais rápido. Visitar museus é conhecer o mundo e a Humanidade, é abrir uma janela e querer abrir muitas, muitas mais. É não parar de fazer perguntas. E é tão bom!
Por isso, claro, este fim de semana lá fomos ao Museu Nacional de Arquelogia onde, depois do segurança lhe ter dito à porta "Cuidado, não acordes a múmia! Ela é muito chata!", entrou a medo na sala dos Tesouros Egípcios. E gostou ele. E gostámos nós.

E assim confirmo, como mãe, educadora e profissional de museus, uma das minhas frases favoritas:
In the Bible, we can find the famous statement that there is nothing new under the sun. That is, of course true. But there is no sun inside the museum. And that is probably why the museum always was – and remains – the only possible site of innovation." Boris Groys, The Art Power

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Get Bored


"This is the cultural pathology of our time: If we stopped doing what we do, we might not know who we are."
(ou: "Preciso mesmo de ir para a beira de um riacho")

Ando constantemente nisto, à procura de mim própria para além da profissional a da mãe que sou. Se não fosse isso, quem seria eu?

Imagem do Maurice Sendak, livro "Open House for Butterflies", e artigo que me fez pensar do Brain Pickings.

Nota da autora:
- Quando era pequena, algumas das pessoas da família perguntavam-me se eu estava a "pensar na morte da bezerra". Há pessoas que não sabem bem o significado da palavra pensar.
- Era, na altura - agora não tenho tempo - muito esimesmada (e esta é uma palavra que eu adoro e que, de vez em quando, me define).

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

The inner self (o meu?)

Se me perguntarem quem sou, hoje em dia, pouco mais sei responder para além de: "Sou mãe de um rapaz de 5 anos e trabalho num museu."
Sim, é verdade, pouco mais do que isto e dos dados que constam do cartão de cidadão.
Não sei onde me perdi, mas tenho a sensação que deixei o meu "eu" algures, noutro tempo, noutro lugar. E para ser sincera, nem sequer tenho planos para o "eu" futuro que por aí possa aparecer.
Triste, não é?
Claro que posso sempre dar a desculpa da maternidade. Afinal de contas, quando nasce um bebé, o nosso centro de gravidade muda: deixa de estar dentro de nós, para passar a estar numa pessoa que, apesar de ser nosso/a filho/a, não deixa de ser outra pessoa. E o meu dia-a-dia perde-se no tempo em que sou "a profissional" e o tempo em que sou "a mãe". Não existe mais nada para além disso.
Não sei quem sou, mas sei que isso não é novo. Ah, os filósofos gregos, claro!

Por isso, hoje, fez muito sentido para mim ler isto:

"To love is to live. Live in love with yourself.

Before we even begin… let’s get one thing straight. To love yourself… to honor YOU as you would any other… takes self-respect and patience.  Loving yourself requires appreciation for the mind, body, and spirit you embody on this earth. To fall in love with “you” is not equated with promoting ego, conceit, or arrogance. Ok? Ok….

First love yourself, then others will love you. Love your mind, the outstanding accomplishments and failures that help you grow. Love your body, the exquisite beauty and faults that make it so. Love your soul, the enthusiastic happiness and the splendid release of sorrow.

Embrace mind, body and soul within both arms…spread wide enough to envelop the world within your hands… dance when you feel like dancing, cry when you feel like crying. Express the love you feel within yourself to help the self-love of others prevail – and while it may be the most terrifying journey, to accept yourself as you are in its entirety, it will make loving others, in all their differences, in all their shapes and sizes… as natural as breathing.

Yes. Buy yourself flowers. Embrace yourself mentally in a hug… laugh in the moments you need it most from another…. go on a vacation by yourself ….. go out dancing solo…. sit at a café all day long writing and reading without needing another to make you feel comfortable. Self-love is complete acceptance of yourself. To know who you are, where you have come from, and all the places you still have to go… own it all and stand proud."

Daqui: Freepeople (donde também vem a fotografia)

Agora, só me falta aprender a ter tempo para mim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

1, 2, 3, 4, 5 (e uma festa de dinossauros)

Aos 5 anos, acho que ele gosta de tudo. Parece que não há nada que não lhe possa interessar, desde fósseis, a dinossauros, cozinha, arte, futebol, sei lá... Faz perguntas engraçadas como, "Mas, mãe, as múmias estão vivas ou mortas?"
Quando sai da escola ainda pede colo. Eu ainda dou (e tenho tantas saudades da altura em que ele cabia no sling).
A meio da noite ainda grita: "Mããããe!", elevando o volume até eu chegar efectivamente lá.
Na manhã em que fez 5 anos disse-lhe "Parabéns, filho!" e ele respondeu "Parabéns, mãe!"
Dizemos muitas vezes "amo-te", mas também nos zangamos e, claro, pedimos desculpa.
Pergunto-me mil vezes se estou a fazer bem ou mal. Provavelmente nunca irei saber, porque se calhar não há "bem" nem "mal"... Quem leu Arno Gruen sabe bem do poder das mães, seja ele consciente ou inconsciente. Talvez não haja nada a fazer, só estar lá, para o que der e vier.
O que eu quero mesmo é que ele seja
livre
feliz
inteiro
(inteligente e culto, se der)

Perguntei-lhe sobre a festa. Disse que queria de dinossauros, para meu espanto, porque até aí o assunto parecia não lhe interessar.
Lá fizemos os dinossauros, eu decorei nomes inimagináveis, ele pintou uns quantos. O meu maravilhoso irmão cozinheiro fez uma dino-melancia cujo único defeito era ser efémera. O meu outro irmão ajudou a tomar conta dos putos (vêem, como os irmãos são importantes?) Convidámos 10 meninos. Nasceram dinossauros lá em casa e agora, todos os fins-de-semana, a minha casa é um campo de arqueologia (graças aos brinquedos da Science4you).

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Hoje

Se pudesse tinha um par de cada cor.
Não consigo livrar-me deste vício por plantas e plantinhas. Disse-me o rapaz da mercearia que estas se chamam "beijinhos de mãe".
O pequeno perguntou-me porque é que eu, quando era também pequena, queria ser bailarina e não arqueóloga. 
Tudo confere, não acham?

domingo, 28 de setembro de 2014

Quase cinco!

Parece que ainda ontem estava na barriga...
Este ano, quer que a festa seja em casa, "para os amigos verem o meu quarto". Até agora tem sido sempre num jardim, o que facilita muito as coisas. Para ser em casa, teremos de fazer uma festa para a família (só avós são 6 e tios são 7) e outra para os amiguinhos (da escola antiga e da escola nova). Também é a primeira vez que a festa tem tema: Dinossauros! Os ovos-convite já estão feitos, mas o resto da decoração ainda não. (A sério, a minha cabeça está cheia de dinossauros!).
Como prenda quer um animal de estimação: dou-lho ou não?
(E um irmão, dou-lho ou não?)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Um livro perfeito e que faz água na boca

This is Just to Say


I have eaten
the plums
that were in 
the icebox

and which
you were probably
saving
for breakfast

Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold

Wiliam Carlos Williams

Um livro com poemas, pinturas, desenhos e receitas de cozinha? Sim! Foi esse o livro que dei ao meu irmão no aniversário (ele é cozinheiro) e que adorei. Na verdade, agora quero mesmo ter um para mim.
Dele, tirei este poema que vem ilustrado com o quadro do Manet. Nele, a receita de cebolas caramelizadas do Van Gogh deixou-me curiosa e com vontade de experimentar.
Não sou boa cozinheira (na família, esse dom parece caber aos homens), mas gosto de livros de cozinha. E gosto de livros de arte. E gosto de poemas.
Chama-se The Modern Art Cookbook (e o natal está aí à porta!)

Ah, e do facebook, tenho muita inveja desta gente que desenha e cozinha: They Draw and Cook

domingo, 21 de setembro de 2014

O sítio que escolhi para ser feliz

Há uma semana, começámos um novo ritual.
Saímos do prédio, subimos a rua, viramos à esquerda, passamos por baixo das árvores que se chamam olaias, subimos as escadinhas, damos a curva e entramos na escola.
É tão fácil! Sem pressas para entrar no carro, por o cinto, sem trânsito. Assim de fácil!
Encontramos amigos no parque e parece que tudo o que precisamos está aqui no bairro. Reparo nas casas bonitas, nos prédios que são pintados de novo, nas frutas â porta da merceria.
Ao princípio foi difícil porque o M. ainda não tem educadora e nós não tínhamos forma de ficar com ele em casa. Ainda ponderámos voltar ao colégio em Carnide, mas andar para trás demoveu-nos.
Agora, mesmo só com a auxiliar e alguns amigos ele está feliz. Nós estamos felizes.
E começo a pensar que o meu mundo é o meu bairro.
(E quem sabe um dia não acabo a trabalhar no palácio - que dizem assombrado - mesmo aqui ao lado).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Confissões de uma mãe

Foi pouco tempo depois de o M. nascer que li o livro“100 Promessas para o Meu Bebé”. Nele, a autora, Mallika Chopra (filha do Depak, claro), relata as promessas que fez à sua bebé enquanto ainda estava grávida mas, como o livro foi escrito depois (se não me engano já a filha tinha 2 anos), faz também uma análise do que conseguiu e não conseguiu cumprir. Lembro-me que uma das promessas não cumpridas era nunca dizer não a esse futuro bebé, o que para uma mãe é mais que óbvio, claro!
Acho que todas nós fizemos promessas aos nossos bebés: imaginámos-lhes os quartos, as escolas aonde iam aprender a tocar violino ou dança, ou o que for, os livros que leríamos à noite, as birras que eles nunca iriam fazer no supermercado (Os nossos? Nunca, claro!). Quando imaginámos esse bebé, imaginámos também uma mãe. Uma mãe que nunca (nunca mesmo) gritaria, que não daria gomas nem refrigerantes cheios de açúcar, que nunca perdesse a paciência, que nunca levantasse a mão. Imaginei-me e treinei-me assim e agora, olho para mim, e estou virada do avesso, porque faço isto tudo (pouquinho, bem sei, mas faço).
Estas férias fomos acampar, como já sabem. Esta era uma das promessas que tinha feito ao meu bebé. Correu bem. Para uma criança que vive na cidade, é um permanente estado de excitação! Sabem o que acontece nestas alturas? Não querem dormir, não querem comer, não querem vestir-se, empoleiram-se em nós o tempo inteiro e respondem. Respondem “não”, “não quero”, “não vou”, “não faço”, “és feia”, “não mandas em mim”. Quatro anos! E eu a ver todas as questões de poder, intrínsecas numa relação mãe/filho ali, de viva voz à minha frente! 
E foi então, num desses momentos, que eu vi a minha mão saltar fora de mim. A minha mão e com ela a minha cabeça. E com isso o meu coração despedaçou-se.
Não foi isto que eu imaginei. Não é isto que eu quero para mim, nem para a minha família.
Felizmente, dias depois, a Mariana, da Família Pumpkin, partilhou este artigo no Facebook. Li com atenção, links incluídos e reforcei a ideia de que não era isto que queria, portanto, tanto os meus níveis de paciência como o meu background teórico (sim, as mães também têm um!) teriam de ser reforçados. Por isso, enchi-me de coragem, e inscrevi-me neste curso!
Não há mães perfeitas, melhores ou piores. Há muitas formas de educar um filho (provavelmente tantas como o número de mães existente) e nenhuma totalmente certa ou totalmente errada. Mas existe essa mãe que outrora sonhámos ser e é essa que eu não quero perder de vista.

E porque este post é tão sério, merece uma canção divertida. Afinal de contas, "porque é que o bom é melhor que o mau?"


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Fomos acampar!


Foi uma escolha repentina, praticamente de um dia para o outro. 
Foi, enfim, a escolha possível para uns dias de férias em que as outras casas da família estavam ocupadas - porque o orçamento familiar é pior do que o de Estado, no que toca a contenção.
Eu lembro-me de acampar com os meus pais, quando era pequenina, numa daquelas maravilhosas tendas em forma de casa dos anos 80 (até tinha uma janela!). Depois disso fui apenas uma campista esporádica em festivais e dias de namoro. 
Agora, com um filho, as coisas são um pouco diferentes. A nossa família não tinha os apetrechos de todos os outros campistas profissionais: fogões com dois bicos, mesas, cadeiras, cordas para a roupa e outras quantas parafernálias. Uma manta no chão, refeições tipo piquenique, tenda do mano, saco-cama antigo do pai, colchões da sogra e tudo se safou da melhor e mais improvisada maneira.
Surpreendi-me com a bondade dos outros campistas, como um vizinho que nos ofereceu electricidade, ou outro que foi pôr o chapéu de sol a fazer sombra a mim e ao Manuel enquanto dormíamos uma sesta ao ar livre. Irritei-me em silêncio com outros que ouviam rádio toda a noite e fui menos feliz quando nos calhou ao lado uma família que ressonava (ups!).
O parque - São Miguel, em Odeceixe - tem óptimas condições e ciclos de cinema à noite, para pequenos e grandes.
Foi cansativo, principalmente porque o Manuel andava a mil de tanta felicidade (sim, uma criança de 4 anos a mil é difícil de gerir!), mas foi diferente e divertido. Talvez se repita.

sábado, 2 de agosto de 2014

A felicidade é fazer gelado (e comê-lo)


A receita saiu de um livro de cozinha com 30 anos, que a minha tia Margarida me ofereceu quando eu tinha 7 anos.
O M. andava há muito tempo a pedir para fazer gelados e já tínhamos comprado as formas no Ikea. 
Seguimos a receita, mas com morangos em vez de amoras.
Ficaram deliciosos!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Do velho se fez novo!


Foi uma árdua e longa semana de férias, entre tintas, lixas, decapantes e outras coisas que dão dor de cabeça e deixam um cheiro impossível.
Têm ideias românticas do DIY? Esqueçam! Não é fácil e nem sempre corre como no "before and after" do Apartment Therapy...
Mas, a verdade é que não queria outra viagem ao Ikea (apesar de ser aqui ao lado) e nem móveis que existem em todas as outras casas e que se desfazem passado um ano... E depois tenho a mania das "coisas com história" (ossos do ofício, diria) e, por isso, aproveito o que tenho - como as mesas de cabeceira do quarto da minha mãe e a cadeira "costas de bacalhau" que tenho deste criança - ou compro coisas usadas: umas mesas, também de cabeceira, para a casa de banho e uma cómoda antiga para o quarto (sim, daqueleas bem pesadas, com gavetas difíceis de abrir!) e ponho mãos à obra... Os resultados podem ser avaliados pelas fotografias...

Agora, falta-me organizar tudo, aprender a fazer a cama TODOS os dias (ver os benefícios aqui) e organizar um sistema de limpeza, para deixar de atrofiar aos fins-de-semana com a lide doméstica...
Desejem-me sorte que isto não vai acabar tão cedo!


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Da feira do livro

Este post vem atrasado, claro, mas fazer o quê? Vida de mãe é assim...
Vamos sempre à feira do livro, o que é um atentado às nossas parcas finanças mas é obrigatório por duas razões:
1. a leitura é uma das mais importantes coisas da vida, faço questão que o Manuel viva rodeado de livros; 
2. quero que a feira do livro continue sempre a existir, por isso junto sempre algum dinheiro para esta parte do ano.
Atualmente compro muito mais livros para o Manuel do que para mim. Ainda tenho muitos para ler, alguns peço emprestado, outros vou à biblioteca e, para além disso, o espaço cá em casa começa a escassear... Desta vez trouxe a Granta (ainda não tinha nenhuma e o texto do Salman Rushdie é mesmo bom) e o "Lá fora", do Planeta Tangerina, que é para mim e para ele... 
Para a cria, já podem ver... Os livros do Oliver Jeffers tornaram-se um vício - são tão divertidos! -, também veio um livro para pintar e o fabuloso "Achimpa" (tudo da Orfeu Negro que, para grandes, também tem livros do Rancière). Por acaso, também trouxemos uma história de um príncipe que tem uma irmã pequenina (tanto que eu gostava!).
E assim, resta-me dizer, que viva a ficção!

domingo, 13 de julho de 2014

E do velho se fará novo!

(Assim eu tenha jeito e inspiração)
Tirei uma semana de férias para ficar a trabalhar... em casa!

O meu filho independente

Quis ir de férias com os avós, praticamente sem aviso prévio... Disse-lhe, "mas, filhote, a mãe não vai estar lá à noite", respondeu com um tranquilo "eu sei". Ainda tentei: "a mamã vai ter saudades tuas", "não tenhas, mãe". E fiquei sem hipóteses de argumentação.
Todos me dizem que é óptimo ele ser assim. Eu faço uma cara mal amanhada... Não esperava que fosse tão rápido, afinal ele só tem 4 anos. 
Devem estar a pensar que estou a exagerar. Provavelmente estou. Afinal de contas, ele só foi passar uns dias fora... É só o primeiro voo fora do ninho, o primeiro de muitos. Agora entendo que o meu bebé de ontem, será amanhã um homem do mundo. E o meu coração de mãe não deixa de se sentir um bocadinho sozinho.
Acreditem ou não, só hoje desmontámos o berço do Manel, que se mantinha aqui ao lado da cama. Durante muito tempo ele saltitou entre um quarto e outro. Agora, sou que saltito quando, às 4 da manhã ele grita "mãe" ininterruptamente, mas já não vem para o nosso quarto. 
Agora ele está crescido, joga à bola e sabe os nomes dos jogadores. Quer fazer coisas sozinho. Passa férias fora.
Eu sabia que ia ser rápido, não estava à espera que fosse tanto.
Está um sossego aqui em casa, mas isso não me deixa feliz.

"Eu não existo longe de você

E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas
Pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo"



sábado, 12 de julho de 2014

Carpe Diem Arte e Pesquisa



Sem filho em casa, fomos passear. Há muito que queria ir ao Carpe Diem. Ainda fui aluna do Paulo Reis, um dos mentores do projeto. Era um homem divertido e inteligente, percebia-se o quanto gostava de celebrar a vida. O Carpe Diem é um bocado dessa memória.
Um sítio lindíssimo que casa bem com a arte contemporânea, um jardim, uma cafetaria onde apetece permanecer. Gostei mesmo.
O difícil foi escolher as fotografias, como podem reparar... Qualquer um é bom fotógrafo ali.
(Obras de Tim Etchells, Susana Anágua, Edgar Pires e Tito Mouraz)